domingo, 17 de maio de 2009

Um rival para chamar de meu.

Desde que o ser humano existe, as rivalidades foram criadas e alimentaram as competição entre os homens por um lugar ao sol. Imagino que o homem das cavernas já brigasse pelo título de melhor caçador de qualquer coisa-sauro ou conquistador de sexies mulheres peludas e descabeladas. Não importa o valor do prêmio, homens sempre se digladiaram pela glória, qualquer que seja o tamanho dela. E o que determina esse tamanho é a dificuldade, o alcance e a repecussão dentro da cultura em que está inserida. Por exemplo, por aqui é muito mais importante ser craque no futebol do que no palitinho. Ser campeão de surfe é inegavelmente mais valioso do que de cuspe a distância. Por outro lado, ser o fodão de Ipanema parece ser melhor do que do Bairro Peixoto. Mas no Bairro Peixoto, vale o contrário. Logo, antes de sairmos no tapa com nossos adversários, deveríamos refletir pelo que - ou por quem - estamos levando uma disputa as últimas consequências. E até tirar o time de campo quando a briga parecer injustificada. Pode-se alegar que isso é ir contra o instinto humano, o de luta pela sobrevivência segundo a lei do mais forte. Talvez, mas não estou falando de seguir o instinto e sim de ouvir a razão. Claro que movido pela vaidade, o gostinho de vencer fica potencializado quanto mais o adversário é forte e respeitado. Mas em última instância, deveríamos lembrar que o prazer de vencer vem de superar a si mesmo e não aos adversários. É isso que vejo, por exemplo, no tenista Rafael Nadal. Em nenhum momento de sua vitoriosa carreira Nadal se mostrou arrogante, seja desdenhando de adversários na vitória, seja dando desculpas esfarrapadas nas suas poucas derrotas. Ao contrário, o espanhol conserva sempre uma atitude serena, de quem só está preocupado, ou melhor, ocupado, em fazer bem o seu trabalho, que é jogar tênis. Claro que o fato de existirem adversários como Roger Federer e Andy Murray só o motivam e valorizam suas conquistas. Mas no fim das contas, Nadal só é um fora de série porque sabe que o adversário a ser superado hoje é o Nadal do dia de ontem, o de tantas glórias acumuladas. Infelizmente isso parecer ser para poucos, para os verdadeiros campeões. Eu, por exemplo, continuo comprando briguinhas com rivais imaginários ou fugindo do pau quando deveria continuar na luta. Afinal, não tenho o discernimento de um deus como Nadal. Sou apenas um reles mortal, mas, pensando bem, que bom.

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