terça-feira, 26 de maio de 2009

Adolescência perdida

Você já imaginou que na época em que a expectativa de vida do homem girava em torno de 30, 35 anos, não havia adolescência? Que guris de 15 anos já eram perturbados no Natal por aquela pergunta de tia, "quando é que você vai casar?". É no mínimo curioso imaginar o que deveria ser amadurecer tão rápido, sem passar pela montanha russa hormonal da adolescência. Os jovens provavelmente nem podiam namorar tranquilos na frente do portão - seus pais logo apareciam na janela, mandando-os para o quarto fazer logo um filho. As espinhas, coitadas, nem tinham tempo para nascer e já davam lugar às rugas de preocupação dos adultos. Aquele viço de garota na flor da idade era logo encoberto pela seriedade da matrona. Dar um piti na frente de todo mundo deveria ser atitude impensável para um distinto senhor de 14 anos. Suprimir a adolescência só parece bizarro para quem, como nós, temos a referência dessa fase turbulenta. Mas não deixa de ser engraçado imaginar se isso de fato acontecesse nos dias de hoje. De cara vejo todos os integrantes de boy bands desempregados por falta de público, tentando cavar uma vaguinha no Big Brother para pagar as contas. Filmes como Velozes e Furiosos, High School Musical e outros block buster do gênero nem seriam produzidos. A Hello Kitty pediria concordata no dia seguinte. As ações do Orkut despencariam. Seria um rombo descomunal no mercado, que teria que compensar as perdas aquecendo o mercado de fraldas, tanto as infantis quanto as geriátricas. Em compensação seria um sossego para quem é obrigado a aturar os arroubos emocionais desses jovens descabeçados. Todas as preocupações com alcoolismo, drogas, direção perigosa e outros efeitos colaterais da adolescência desapareceriam. Sem contar a malcriação e aquele som de heavy metal intermitente no último volume. Por outro lado, o que seria das famílias sem aquele dublê de punk pseudo-mudo batendo a porta com força? E as escolas, então? Não morreriam de tédio sem poder expulsar algum aluno de vez em quando? Ruas sem pichações, praias sem surfistas, carros sem namoro com direito a mão aqui e ali, refeições sem Big Mac. A falta da adolescência deixaria um baita rombo na vida. Então, melhor que os adolescentes continuem fazendo zueira por aí, azucrinando a vida de quem já passou por isso. Afinal, no fundo no fundo a adolescência é uma fase linda. Um período onde você está autorizado a se fazer de palhaço. Não é a toa que nasce aquele espinha avermelhada bem na ponta do seu nariz.

Um comentário:

  1. kkk Muito bom esse texto! Você esqueceu de comentar da falta que faria aquela risadinha interna que surge quando nos deparamos com um "emo"!!! kkk Beijosss

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