terça-feira, 6 de março de 2012

Uma palavra sobre Guga

Era uma semana normal de trabalho na agência em 1997 quando me passarem um job despretensioso. Eu tinha que fazer anúncios assinados por um patrocinador que queria capitalizar cada vitória de um desconhecido tenista brasileiro, que estava vencendo jogos inesperados no torneio de Roland Garros. Para quem não sabe, Roland Garros é um Grand Slam, um dos quatro mais difíceis torneios do mundo, onde para ser campeão você precisa vencer 7 jogos em melhor de 5 sets, consecutivamente até o título. São 128 jogadores e, quando o torneio afunila, não é raro o tenista passar 3, 4 horas na quadra para liquidar uma partida. Pois então, Guga era apenas o 66º jogador do mundo e tinha no currículo só um título de ATP. Muito pouco para credenciá-lo a vencer um Grand Slam. Quando ao final de duas semanas ele venceu o torneio (que viria a ganhar mais duas vezes), eu nem tinha dimensão da conquista. Só mais tarde, quando resolvi pegar em raquetes para treinar incentivado pela febre Guga, percebi a façanha que era um brasileiro triunfar num esporte tão difícil e pouco praticado por aqui como é o tênis. Porque o tênis é mais do que um esporte. O tênis é uma provação física e mental. Arrisco dizer que chega a moldar o caráter. Ok, você poderá dizer que a maioria dos esportes individuais, quando praticados em alto nível, também o são. Ainda assim acho o tênis de uma complexidade ímpar, um esporte para malucos. O tênis é uma gangorra onde os jogadores suplantam o adversário mais pelo esgotamento mental do que pelo físico. E olha que estamos falando de partidas que podem durar até 6 horas. Não fosse assim não haveria livros que fazem analogia entre o jogo mental do tênis e a própria vida. Guga, órfão de pai quando menino e irmão de um rapaz excepcional, deve ter canalizado sua frustração em raquetadas que o levaram ao Hall da Fama da história tênis, condecoração anunciada esta semana. Isso tudo sem deixar de ser um dos mais carismáticos tenistas, querido pelos colegas e amado pelas crianças. Guga era gênio, sim. Mas nem por isso suas conquistas não deixam lições aos pobres mortais. Pois como todo campeão de tênis sabe, por mais perdida que pareça a peleja, num átimo a gangorra pode mudar de lado. Ou seja, nunca, jamais, deixe de confiar em você.

domingo, 4 de março de 2012

O importante e o urgente

Sei que é brega, mas gosto dessas frases de auto-ajuda, dessas que você encontra nos mica-cards da Johnnie Walker. Dizem que os provérbios populares traduzem a filosofia para o povo, é uma sabedoria pronta para consumo rápido. Sem entrar nesse mérito, acho que essas frases ajudam a pensar, a tomar decisões. Outro dia ouvi de um empresário que a vida é uma pista de aeroporto, não leva a lugar nenhum, portanto o que nos resta é acelerar. Isso me pareceu tendencioso, já que esse empresário é daqueles workaholics que querem convencer seus subordinados a acompanhar seu ritmo. Mas com essa e mais algumas exceções, há várias frases e aforismos que trazem ensinamentos válidos. Lembro daquela que mais ou menos diz "eu tomei o caminho menos percorrido e isso fez a diferença". É parecida com aquela "só os peixes mortos nadam com a correnteza". Gosto daquela dita por William Wallace, "Todo homem morre, mas nem todo homem vive". Eu sei, é brega, mas nem todo mundo tem uma trilha de auto-incentivo como Rocky Balboa. Eu só tenho frases e elas não foram feitas para mim, apenas tomo posse das que me ajudam. Como aquele pensamento que diz que na pressa de resolver o urgente, acabamos esquecendo do importante. Pois é, eu não quero me esquecer do importante, então faço uso das minhas frases emprestadas da sabedoria popular para todos os dias escolher bem minhas prioridades. Mas claro, não levo tudo a sério assim. Pois como dizia Steve Jobs, "Stay foolish".