sexta-feira, 8 de maio de 2009

Profissão ingrata

Sem dúvida uma das profissões menos reconhecidas do mercado é a de anjo da guarda. Como é sabido, o trabalho do anjo da guarda não tem nenhuma visibilidade. É não remunerado, em período integral e sem direito a folga. Um anjo da guarda muito competente costuma trabalhar para o mesmo cliente durante 80, 90 anos. Basta uma pequena desatenção, por exemplo, não conseguir desviar o cliente de uma casca de banana, para ele ser prontamente despedido por negligência. Isso até poderia ser um consolo, um desemprego bem-vindo depois de anos de labuta. Mas que nada. Do jeito que a população cresce, e os anjos, como se sabe, não se reproduzem, quando um perde o emprego, é imediatamente realocado para atender um recém-nascido. Por isso eles estão sempre estressados e daí tantas mortes bestas. Certa vez até cogitaram fundar um sindicato. Mas alguém lembrou que fazer piquete em porta de maternidade não seria condizente com um anjo. Não é de se estranhar que os anjos da guarda sonhem com uma transferência para cargos de cupido, imagem de igreja e estátua de chafariz. Anjo da guarda é uma espécie de guarda costas que só pega a parte ruim da profissão. Porque nem pegar a cliente eles podem.

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