domingo, 24 de maio de 2009

Coisas que eu poderia estar fazendo agora

Um psicólogo já disse que uma das sensações decorrentes da vida moderna é a de se sentir sempre fora da festa. É como se o homem moderno fosse acometido de um faniquito só de imaginar que há alguém fazendo coisa melhor que ele, naquele instante. A má notícia é que sempre há. Muita gente deve estar agora em uma ilha paradisíaca, em seu passeio de iate na companhia de pessoas bonitas e charmosas, exibindo aquele ar blasé de falso tédio no rosto. Se você não é playboy, fazer o quê. A boa notícia é que não necessariamente você gostaria de estar no lugar dessas pessoas. Se estiver na maior ressaca, provavelmente optaria por ficar aí enterrado no seu puf enquanto zapeia, só por distração, uma interminável sucessão de canais chatos. Mas, insistindo na sensação de exclusão, uns ainda desejariam se recuperar dessa ressaca na suíte daquele mesmo iate, recebendo cafuné de uma linda gata - e além da ressaca, iam sofrer com enjôo do mar também. Não é má idéia. Enfim, tudo isso foi para exemplificar como é difícil lidar com a eterna insatisfação humana. Essa confusão dos diabos sofrida por quem ainda não aprendeu a separar o desejo da necessidade. Refiro-me a todos nós, em vários momentos da vida. Eu, por exemplo, nessa tarde-noite de domingo, não achei nada melhor para fazer do que enfileirar essas palavrinhas neste post pouco inspirado. Não posso deixar de imaginar que haja gente fazendo coisa muito melhor do que eu, e claro que há. No mínimo eu já estaria melhor se uma gata estivesse aqui me fazendo um cafuné. Mas é o que me restou para matar as horas derradeiras deste domingo meia-boca. Sim, confesso que sou uma vítima dessa pandemia moderna, a síndrome dos fora-da-festa. Um mal que só não chamou a atenção das autoridades porque não é fatal, embora perturbe a cabecinha de muito candidato a depressivo por aí. Então sugiro que o Ministério da Saúde ache soluções viáveis para casos graves. Por exemplo, distribuindo ingressos para camarotes de quaisquer eventos. Ou tele-transportando entediados crônicos para raves em navios abarrotadas de modelos. Ou ainda, promovendo surubas coletivas e democráticas em praças públicas. É compreensível que as autoridades estejam empenhadas em causas mais sérias, tais como a prevenção da gripe suína. Mas fica registrada a nossa sugestão para se controlar a síndrome dos fora-da-festa. Apenas controlar, não erradicar. Isso por enquanto seria impossível, visto que o vírus da insatisfação humana jamais foi encontrado.

Um comentário:

  1. Adorei suas palavrinhas hehehe dei boas risadas!! Síndrome dos fora-da-festa kkk Bjs

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