segunda-feira, 25 de maio de 2009

A finalidade da abdução

Deus fez o mundo em sete dias e dedicou só um deles para criar o ser humano. Depois, arrependido, percebeu que deveria ter gasto um tempinho a mais no produto e submetido um protótipo a rigorosos testes de qualidade, um ISO 9000 só para começar. Mas era tarde, o homem já estava no mercado e só restou a Deus acompanhar seu desempenho. O primeiro lote com duas unidades - versões Adão e Eva - foi prontamente recusado e devolvido pela praça onde foi lançado, o Paraíso. Empreendedor como era, Deus não ia desistir assim de primeira. Logo estava mandando um segundo, um terceiro, milhares de lotes de seres humanos para todos os pontos de venda disponíveis, dos cinco continentes. Enfim ele conseguiu inundar o mercado com produtos de todos os modelos, cores e tamanhos possíveis. Mas a fabricação em massa teve suas consequências. Por exemplo, a perda de qualidade e a desvalorização do homem devido a oferta excessiva. Sem contar a canibalização de outros produtos de fabricação divina, como animais, vegetais e minerais, que não conseguindo disputar o espaço com o homem, foram sumindo do mercado. Não demorou para que Deus jogasse a toalha e estendesse uma faixa lá no céu onde se lia "Passa-se o ponto". Recebeu ofertas tentadoras de compradores que se apresentaram como Luís Cifer e Isabel Zebu, mas que foram recusadas porque Deus desconfiou que se tratava da mesma pessoa. Mas cansado de esperar por outras ofertas que nunca chegavam - afinal, não era qualquer um que tinha cacife para arrematar toda a humanidade - Deus resolveu vender tudo bem baratinho, para o primeiro comprador que aparecesse. Não demorou para que um disco voador que zanzava por ali avistasse a faixa e seus tripulantes se interessassem pelo negócio. E assim a humanidade foi comprada por uma holding de planetas de outra galáxia e passou a ser monitorada de longe. De vez em quando eles passam por aqui e pegam uma amostra aleatória do ser humano, só para checar a produção. É a famosa abdução, que nada mais é do que um controle de qualidade. Só não dá para entender porque é que eles, em vez de retirar do mercado, devolvem a prateleira um produto com tantos defeitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário