quarta-feira, 17 de junho de 2009

Segurança, pra quê?

Você também deve ter ouvido falar do caso de uma mulher que guardava a economia de um milhão de dólares dentro do colchão e acabou perdendo tudo quando sua filha resolveu fazer uma surpresa, trocando o colchão por um novo e jogando o antigo no lixo. Tragicomédia a parte, isso mostra como viver em função da segurança pode ser contraproducente, ou como diria Vicente Mateus, uma faca de dois legumes. Certamente se a mulher tivesse gasto parte do dinheiro para redecorar a casa, além de se sentir mais satisfeita, sua filha não teria se compadecido de sua penúria e jogado fora suas economias. E esse é só um caso onde a precaução em excesso é desnecessária. Cercas elétricas, por exemplo, não impedem uma quadrilha de invadir um condomínio. Parar o carro no valet não evita seu roubo - e aí, até o seguro do estacionamento pagar a indenização, você também vai ficar a pé, assim como se o seu carro tivesse sido furtado na rua. Deixar de tirar férias não blinda contra demissões. E por aí vai, exemplos não faltam. Tenho a suspeita de que esse comportamento está subjugado a indústria do medo. Uma espécie de entidade conspiratória que vive de explorar nossos medos mais profundos. O único deles a que deveríamos prestar atenção é o medo da ameaça real de morte. Os outros são subprodutos dele, criados pela nossa mente por associação ao medo maior. Por isso são injustificados, desproporcionais aquilo que gerou o medo. Mas eu, como todo ser humano que sente medo, não proponho aqui que o ignoremos. Apenas que aprendamos a conviver bem com ele. Dizem que o contrário da coragem não é o medo, é a apatia. Medo e coragem podem conviver juntos sim, numa boa. Mas só aceitando essa convivência dentro de nós, ainda que conflituosa, é que poderemos nos livrar de nossos falsos colchões de segurança. Pois na prática foi só isso, uma falsa sensação de segurança, que a dona do colchão perdeu no episódio da troca. Porque até então, ela nunca tinha precisado daquele milhão de dólares para tocar sua vidinha.

3 comentários:

  1. Ótimos textos!!! Bom fim de semana!!
    Bjss

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  2. Tá mandando bem, Sato.
    Mas me ocorreu uma coisa: espera até o Zé descobrir o nome do seu blog. rararararara

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  3. Marcelo, meu amigo de tantas jornadas...kkkkk
    Cadê vc????
    Tudo bem? Deu uma paradinha?!
    Volta logo menino, já estamos no fim do mês!!
    Bjs, saudades!!

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