quarta-feira, 10 de junho de 2009

Paulistano' s way of life

Uma das coisas que estranhei quando vim para São Paulo estudar é a aparente - algumas vezes real, embora atávica - frieza do paulistano. Antes que alguns amigos se ofendam, eu explico. Cheguei aqui todo caipirinha, ingênuo, ávido por novidades, esperançoso de conseguir , depois de anos de renúncia pelos estudos, transformar minha vida de universitário em uma versão mais modesta de "Curtindo a vida adoidado" - isso até entrar numa república de quase formandos que jogaram água fria em minhas pretensões de bon vivant do Cepeusp. Pois bem, já que não consegui adesão dos meus colegas de república veteranos ao meu clima de festa de recém-chegado, esperava encontrar isso na própria faculdade, pois teoricamente todo mundo ali estava na mesma barca. Não demorou para perceber que não era bem integração que o pessoal buscava ali - tá certo que era uma galera de exatas, mais travadinha, e o curso era de duração pouco agregadora, meio período. Compreensível, já que a rotina dos alunos da capital pouco tinha mudado, eles apenas haviam trocado o colégio pelo faculdade. Amigos eles já tinham, assim como um dia a dia preenchido com as mesmas coisas de antes: malhação, curso de línguas, etc. Eu via os colegas paulistanos vazando assim que a aula terminava e só mais tarde entendi que aquela pressa toda não era uma aversão ao convívio com os alunos alienígenas vindos do interior, de Mato Grosso, do Paraná e lugares longinquos. Era necessidade mesmo, de sair antes para cumprir horários sem depender do tráfego, por exemplo. Vários anos se passaram e agora eu, paulistano naturalizado, fico observando a mesma coisa acontecer com galeras novas que chegam a SãoPaulo. O lema é andar todo mundo junto feito aves migratórias voando em formação, para se defender da cidade inóspita - quando você chega a São Paulo, tudo parece bem maior e assustador - e dos paulistanos. Hoje já incorporei esse Paulistano way of life, esse jeito seco de quem nem olha para os lados em busca de seu objetivo. Só espero que não tenha perdido a minha essência interiorana, de sorriso fácil. Não quero ser mal interpretado por um estagiário do interior quando me vir sair apressado pela enésima vez para resolver mais um pepino durante o horário do almoço. Detestaria que com base na minha rotina ele começasse a maldizer o paulistano, esse povo erroneamente tachado de frio só porque recusa 90% dos convites para almoço.

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