quarta-feira, 17 de junho de 2009

O gosto do risco

Hoje o meu Palmeiras foi eliminado da Libertadores. Não foi a primeira vez e nem vai ser a última. Houve tempos em que eu ficava triste com derrotas do meu time como se fosse algo pessoal. Felizmente esse tempo passou. Nem vi o jogo, estava numa festinha e não reuní paixão suficiente para abandonar meu copo de vodca pelo nervosismo na frente da tv. Mas se me desse a esse trabalho seria, além do amor pelo meu time, por Vanderlei Luxemburgo. Não porque Vanderlei encarne a pessoa que eu almeje ser um dia. Arrogante, brega, tido como mau caráter, Luxemburgo é o anti-ídolo, embora, por outro lado, sua excelente visão de jogo seja indiscutível. Mas dá gosto de ver um time comandado por Luxemburgo jogar. Nem sempre pela plástica do jogo, porque isso depende da categoria das individualidades do time. Mas pela disposição de atacar, agredir o adversário, a fome pela vitória como se não houvesse amanhã. As vezes Luxemburgo peca até pela falta de juízo. E quando sua ousadia não traz resultados, acaba como pára-raio da tempestade que sucede a derrota. Mas é o único técnico que tem peito de mexer em seu time quando este está inoperante, com apenas 20, 30 minutos de jogo. A maioria, os covardes, esperam até os derradeiros 20 minutos para se "arriscar", mesmo quando precisam desesperadamente da vitória. Vanderlei, não. Ele cedo aprendeu que para os vitoriosos, derrotas fazem parte do jogo. Cansei de ver treinadores retranqueiros perderem seus jogos tentando segurar resultado. Esses são especialistas em terminar campeonatos em terceiro, quarto, quinto lugar. Devem se orgulhar de serem "regulares". Hoje os times de Vanderlei, se não são campeões, também terminam os campeonatos entre os primeiros. Mas aposto que quando ainda despontava na carreira, para ele pouco importava ser o segundo ou o último. Em suas entrevistas, o treinador repete sua máxima favorita: "o medo de perder tira a vontade de ganhar". Joguinho de palavras que resume sua filosofia de vida. Talvez por isso quando perde, não vemos Luxemburgo perder a compostura. No fundo ele sabe que é só mais um campeonato que se foi, em que ele encarou todas as partidas com a mesma vontade de ganhar de sempre. E como prêmio, pôde ir para casa com as consciência tranquila.

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