sexta-feira, 24 de julho de 2009

A falta que o pragmatismo me faz

Que saudade do tempo em que o mundo se dividia entre comunismo e capitalismo, esquerda e direita, palmeiras e corinthians, e outros antagonismos que inflamavam mesas de bar em discussões apaixonadas sem fim.
Nos tempos atuais, onde a lei de mercado sozinha manda mais que a constituição inteira, vivemos a chatíssima ditadura do Power Point.
Onde feeling, cultura, sensibilidade, tradição, caíram em desuso em favor da obediência cega a uma lógica tosca de A mais B, a uma cartilha de fluxograma.
E valores como originalidade, bom gosto, capricho, personalismo e até uma dose de "marvadeza" foram atropelados pela mesmice, pelo bom-mocismo, pelo mal acabado, pelo raso.
Fomos reduzidos a uma fábrica de idéias e comportamentos banais produzidos em grande escala em algum canto da China.
Bom, aconteceu, mas e o kiko?
O kiko é que seria melhor se eu fosse um pouco mais pragmático. Que meu nível de praticidade fosse além daquela cota mínima que me obriga a trabalhar direito para deixar as contas em dia.
Eu me encaixaria melhor nesse mundo e seria mais fácil ser feliz.
Mas não, eu tinha que nascer rocambolesco.
Eu tinha que puxar ao meu pai sonhador e não à minha mãe pé no chão.
Eu tinha que preferir ficção do que notícia.
Eu tinha que escolher pelo design e não pelo custo-benefício.
Eu tinha que gostar mais de puxar assunto do que puxar pelo braço.
Eu tinha que apreciar mais fotojornalismo do que foto da praia.
Eu tinha que exercer a sinceridade do que o puxa-saquismo.
Eu tinha que me habituar mais a pensar do que agir.
Eu tinha que "um monte de coisas", de pouca praticidade para a vida.
Sei que não estou sozinho nesse grupo reduzido de triatletas que nadam contra a corrente. Talvez você também esteja insistindo nessas braçadas de pouco rendimento.
Mas somos minoria e ser minoria dá mais trabalho.
Não dava para ter nascido menos "bichinha"?

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