terça-feira, 18 de agosto de 2009

Questão de tempo

O tempo não passa de uma sensação.
Uma convenção que inventamos para ninguém perder o prazo de entrega de um projeto, nem a noiva chegar atrasada no altar.
Tempo, como diria Einstein, é relativo.
Uma das maiores fantasias humanas é viajar através do tempo, o que hipoteticamente é possível desde que atinjamos a velocidade da luz, como foi demonstrado em "O planeta dos macacos".
A passagem do tempo fica mais clara no envelhecimento. Não do nosso próprio rosto, mas daquelas pessoas que a gente não vê desde o colégio.
Eis que de repente aparece na sua frente aquela ex-menina lindinha da sua sala, que se tornou uma senhora mãe lindona de 3 filhos, agora de olhos bem cansados.
Você entra no elevador e dá de cara com aquele sujeito que você nem lembrava que continua sendo seu vizinho, e aí se pergunta se você deve parecer para ele tão mais velho quanto ele parece a você.
Aquelas noites mal dormidas por causa de demissões, fins de relacionamento, obras que não acabavam, de repente são apenas vagas lembranças de sofrimentos sepultados.
O tempo cura quase todos os males.
Uma das exceções é o próprio mal que o tempo causa ao passar tão rápido.
Ansiedade, pressa, angústia de não conseguir aquele tempinho livre básico só para a gente.
Hoje em dia o tempo é tão raro que deviam leiloar.
Ou virar escambo, com hippies desocupados fazendo uma fortuna ao vender seu tempo livre a workaholics esbaforidos.
O preço do tempo acabaria inflacionado, a medida que chegasse o final das férias, do ano, da vida.
Apesar de escasso, a gente sempre acaba desperdiçando mais tempo do que poderia.
Na verdade, nem sempre o desperdiçamos.
As vezes o famoso "dar um tempinho" é o prazo que o próprio tempo pede para encontrar as soluções que não vem de bate-pronto.
O intervalo para atar as pontas soltas da linha do tempo.
Porque o tempo sempre dá um jeitinho de esclarecer as coisas, dizem que é o senhor da razão.
Mas deveria mesmo é ser conhecido como o senhor da emoção.
Ué, não é a emoção e só ela, que nos faz lembrar que de fato algum tempo remoto existiu?

Nenhum comentário:

Postar um comentário