sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Cálculo de risco

Logo que se recuperou do acidente que queimou seu rosto, a preocupação do piloto Niki Lauda era voltar o mais rápido possível ao cockpit do seu carro. Ele sabia que o que talvez o impedisse de correr de novo não seriam as queimaduras e sim as sequelas emocionais. Lauda acelerou fundo novamente, superou o trauma e tornou-se campeão.
O mesmo deve acontecer com o piloto Felipe Massa assim que este se recuperar do acidente recente com a mola que se soltou do carro do Barrichello. Sua mulher chegou a declarar que gostaria que Felipe abandonasse a fórmula 1. Já o corredor considerou o acidente normal, apesar de ter colocado sua vida em risco.
O que me faz pensar que viver perigosamente é uma questão de ponto de vista.
Os pára-quedistas consideram seu esporte muito seguro, por exemplo.
Mas há passageiros que precisam tomar calmantes para enfrentar um vôo de avião.
O limite entre o seguro e o perigoso está dentro de nós.
Quando o friozinho na barriga deixa de ser um prazer para se tornar sacrifício, cabe a cada um decidir o que fazer com seu próprio nariz.
Confesso que não pratico uma margem de risco tão larga quanto gostaria.
Mas estou sempre tentando esticá-la, empurrar o limite pra frente.
Porque acho mesmo, repito, que risco é uma questão de ponto de vista.
Já ouvi falar de gente que morreu escorregando e caindo no chão do banheiro.
Então, se é para morrer, é preferível que seja escorregando num skate.
O Lauda e o Massa com certeza iam preferir o skate.

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