segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sobre medo do futuro e destino

Outro dia estava na mesa de um bar acompanhado de duas amigas que discorriam sobre o irresistível tema da previsão do futuro. As duas haviam consultado a mesma vidente e comparavam as impressões que a mulher lhes tinha deixado. Estavam convencidas dos dons advinhatórios da taróloga, não só pelo seu “índice de acerto“, mas porque esse bom índice havia se repetido em mais meia dúzia de consultas de amigas. Este preâmbulo não pretende abrir uma discussão sobre o charlatanismo, posto que não tive a oportunidade de consultar essa profissional e tirar minhas próprias conclusões. Estou mais interessado é na ansiedade que o futuro desperta em nós e, em contrapartida, o quanto “saber“ esse futuro nos conforta - e nos conforma. Sem dúvida a incerteza sobre o futuro e a certeza sobre nossa própria morte são ingredientes suficientes para nos tirar o sono de vez em quando. Porque já que a morte é certa, enquanto vivermos queremos fazê-lo da forma mais plena possível. Só que nada garante que conseguiremos, pois não sabemos ao menos o que o dia de amanhã nos reserva. Por isso é tão reconfortante ouvir das palavras de um especialista que o nosso destino está selado. Que não é preciso lutar por coisas boas que certamente virão. Nem dar murro em ponta de faca sobre coisas ruins que vão acontecer mesmo. Mas “saber tudo com antecedência" é mesmo reconfortante? Não acredito. Penso que a graça de viver ainda está em não saber. Em acreditar no livre arbítrio, na sua própria capacidade de mudar as suas coisas e fazer do empenho na mudança o seu processo de crescimento. Viver por tentativa e erro pode dar mais nervoso, mas aí é que está a graça da coisa. Os acertos são bem mais comemorados. E os erros, com o tempo se tornam mais toleráveis. É a oportunidade de fazer do seu jeito, sem que alguém diga como e quando a vida deve acontecer. Porque aí também pode residir o problema de atribuir a outro a responsabilidade pela sua vida: deixar que as coisas aconteçam ou fazer acontecer de um modo que você nem escolheu.

Um comentário:

  1. Acredito que as vezes as pessoas buscam uma motivação através da esperança que essas "videntes" dão à elas. Quando a previsão é boa, as pessoas saem felizes e esperançosas...

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