domingo, 17 de junho de 2012

Menos, tá?

Outro dia o super-atleta Neymar estrebuchou no gramado durante uma paralisação do jogo Santos x Corinthians, válido pelas semifinais da Libertadores.
Mais do que o esgotamento físico, Neymar acusou seu limite humano diante do papel que tem tentado cumprir nos últimos tempos, o de ícone do super-mega-blaster-nato talento futebolístico brasileiro.
Há quem o acuse de involuntariamente ter incorporado o mascote em carne e osso da próxima Copa do Mundo, rivalizando com os melhores jogadores pelo posto de rei do futebol.
Mas Neymar é apenas mais um ótimo jogador brasileiro, com lugar garantido entre os 11 do escrete nacional, mas ainda assim só mais um entre os 11 da engrenagem.
Sua fama além da conta se deve ao marketing, interessado em reverter em vendas os produtos associados ao herói nacional do momento.
Alguém poderia perguntar: qual a novidade?
Nenhuma, mas nem por isso deixo de suscitar a discussão: não estaríamos exagerando na valorização da imagem?
Neymar sempre afirma jogar por gosto, mas sua agenda de compromissos publicitários somada às cobranças dentro de campo, deixam pouco espaço para o romantismo.
Mas ora, quem hoje em dia se interessa pelo romantismo?
Até mesmo o romance perdeu o romantismo.
O que vemos é cada vez mais gente apaixonada pela própria imagem.
Seja nas capas de revista, nos escritórios, nas redes sociais, nos eventos esportivos e culturais, em qualquer palco ou palanque.
Em qualquer meio, há um movimento de espetacularização da vida que têm feito muito mal ao ego humano.
O ser normal já não basta, o que leva a uma insatisfação crônica, já que, humano que somos, não estamos conseguindo arcar com uma agenda sobre-humana.
Estrela de cinema sorriem mesmo com joanetes latejando em sapatos apertados.
Jogadores, como se não bastasse a cobrança por performance esportiva, se desdobram em compromissos sociais.
Pessoas comuns fazem esforço para sair do lugar comum, seja lá o que for isso.
Pois a felicidade é um sorriso interno e não há câmera que possa captar o que se passa por dentro.
Felicidade predispõe entrega e vulnerabilidade, o admitir de nossas limitações perante o próximo.
Nada contra se orgulhar dos próprios feitos.
Orgulho e vaidade fazem parte do jogo.
Mas é preciso ser mais comedido na exposição da própria persona, sob risco de vivermos uma eterna mimese da realidade.
Pode cantar, batucar, desfilar, postar, à vontade.
Só não exagere na dose.





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