domingo, 23 de setembro de 2012

De olhos bem fechados

Estou longe, mas muito longe de ser um engajado.
Acho que nem tenho conhecimento político e econômico para debater medianamente os problemas brasileiros.
Faço parte de um contingente que não se interessa ou talvez ache improdutivo discutir o chove no molhado que se tornou a vida pública brasileira.
Mas isso não me exime de me preocupar com o baixo nível de envolvimento dos cidadãos com aquilo que lhe diz diretamente respeito.
Se você sai de casa todo dia numa cidade como São Paulo, já se depara com inúmeros problemas que são consequência de uma ingerência dos recursos públicos de dar vergonha.
Engarrafamentos, poluição, miséria, a eterna sensação de insegurança, só para citar algumas das chagas urbanas que deixam a rotina mais dura pra todos nós.
Dá raiva imaginar que os recursos que poderiam constar no orçamento de algumas soluções são quase sempre mal empregados ou desviados corruptamente.
É chato ir e voltar ao eterno debate, mas deixar o assunto morrer pode ser pior.
Já me acostumei a ouvir um "vamos mudar de assunto" toda vez que tentei inserir na conversa de almoço a pouca aprazível pauta da política.
É inevitável se sentir um mala por apenas reclamar e não fazer nada para mudar.
Não participo de ONGs, não distribuo panfletos, não engrosso passeatas, não sou médico solidário, não ajudo em base comunitária de porra nenhuma.
Sou apenas mais um brasileiro indignado com esse eterna gana de levar vantagem, que parece ser uma doença congênita de quem nasce por aqui.
Vivemos num país de espertos, que não vão largar as tetas enquando a vaca gorda der leite.
Pena.
Esse maré de crescimento econômico camufla a estagnação do sistema, que depende de reformas para realizar mudanças profundas na sociedade.
O país está melhorando sim.
Mas e a consciência do nosso povo, melhora na mesma medida?
Para mim as pessoas estão se lambuzando com uma euforia passageira.
E brasileiro de barriga cheia é um perigo.
A tendência é deitar na rede para curtir uma leseira e deixar o trem-bala da mudança real passar.
De olhos bem fechados.




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