quarta-feira, 7 de abril de 2010

De fora

Tirei três semanas de férias sem viajar, somente pra mudar de endereço.
Não tem muita graça permanecer na cidade onde você trabalha, não dá nem pra desconectar.
Mas como férias são férias, deu pelo menos para parar e pensar na vida.
E o que é mais importante, olhar sua rotina pelo lado de fora.
Eu já me peguei muitas vezes indignado com a rotina de executivo paulistano, desejando ter mais tempo livre para interromper o itinerário casa-trabalho-casa, sem incluir barzinho e cinema aí no meio.
Mas por aqui isso é bem difícil.
Porque não bastaria sair mais cedo do trabalho, mas também o trânsito teria que me deixar sair do escritório.
E para isso, o governo teria que acelerar as obras do metrô até a Vila Olímpia.
Mesmo assim, saindo a pé do trabalho, eu ainda iria deparar com uma cidade inóspita para o pedestre. Onde as ruas não tem calçada decente, iluminação e segurança suficiente e muito menos charme.
Ah, o charme que falta a São Paulo sobra em cidades como o Rio, Barcelona, Paris.
Desconfio que a identificação excessiva do paulistano com o trabalho faz com que a cidade pareça um grande escritório ao ar livre. Ou melhor, uma repartição pública, pois há escritórios bem bonitos e charmosos por aqui.
Porque se o paulistano apreciasse mais ficar a toa, talvez exigisse espaços de lazer em mais quantidade e qualidade.
Os europeus, por exemplo, que no verão saem mais cedo do trabalho, desfrutam de parques lindos e muito bem cuidados para flanar sem culpa.
Mas fazer o quê, isso aqui ainda é um país adolescente.
Ainda precisa ralar muito pra chegar lá.
Vê se cresce e amadurece logo, Brasil.

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