domingo, 6 de janeiro de 2013

medaaaa...

Nesse fim de semana fui a um parque e dei uma volta no trem fantasma com meu sobrinho de 6 anos.
Pensei que ele fosse ficar com medo, mas quem acabou sentindo um friozinho na barriga fui eu, quando um funcionário travestido de zumbi me deu um susto ao final da volta.
No meu tempo, quando frequentava os parques de exposições agropecuárias da minha cidade, o trem fantasma e a monga ainda eram ícones, mitos do imaginário infantil.
O truque da monga, da bela mulher se transformando no gorila, habitava nosso imaginário de criança a ponto de temer passar uma noite em claro se presenciássemos a metamorfose.
Outro clássico era o festival de terror no principal cinema de bauru, uma semana de exibições de filmaços do gênero, com reprises de "Exorcista", "O iluminado" e outros campeões do gênero.
Era a chance de, lá pelos 10 anos de idade, burlar a censura e adentrar um universo ao mesmo tempo atraente e horripilante, que me custou algumas noites dormindo de luz acesa.
Eram outros tempos, anterior à banalização da violência do circo da mídia, onde invasões de escola com metralhadoras e dar pedaços de gente a cachorros se confunde com séries de ficção e jogos de videogame.
Hoje imagino que os criadores de filmes e séries de terror devem fazer das tripas coração para colocar um produto ao menos decente nas telas.
Definitivamente, os medos atuais mudaram de cara.
São igualmente temerosos como o pavor de envelhecer, de não fazer sucesso, do amanhã incerto, de não receber os likes das redes sociais.
Embora os chamados filmes de terror devessem invocar nossos mais profundos temores, os escondidos nos escaninhos do subconsciente, não tenho visto produções capazes disso.
Falta criatividade, como em toda Hollywood, em produções A, B ou que o valha.
Mas acima de tudo, já não resta aquele mistério que me assaltava quando entrava no hall do cinema na semana do terror, decorado com profusão de caixões, cruzes, figuras demoníacas e mórbidas.
Onde algum zumbi poderia estar à espreita arás da cortina, para me pregar um belo susto.

Um comentário:

  1. Mds ameeeei esse texto.
    Concordo com cada virgula sua. Não que eu seja tão antiga, mas quando criança, me recordo de importar-me com o que realmente era -ou me parecia- importante.

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