terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sonho de onipotência


Dias como o de hoje, em que cheguei tarde da noite em casa maldizendo minha incapacidade de resolver meus problemas no tempo regulamentar de um dia útil, lembro com saudade da infância.
Infância, tempo em que já reclamávamos de nossas curtas férias, algo em torno de míseros quatros meses anuais - o que poderia ter perdurado, já que hoje trabalhamos esse mesmo período de graça para o governo.
Infância, época de acreditar em super-heróis, dos humanos aos sobrenaturais, passando pelos humanos com poderes sobrenaturais.
Infância, aquela fase onde acreditamos possuir toda a potencialidade do mundo, que num dia muito, muito distante, iria se cumprir além das nossas expectativas.
Infância, do tempo que bulying nem era condenável, aliás nem existia, ou se existia era coisa de maricas.
Infância, um tracinho na linha da minha vida onde todos os amigos que nunca mais encontrei permanecem vivos como um bando de Peter Pans.
Infância, garantia de ser interrompido em minhas brincadeiras para comer bolinho de chuva e ainda recusar, como se não fosse um luxo.
Não que a gente queira fazer o caminho de volta, longe disso.
Deixe a infância como ela está.
Melhor mesmo que ela fique sedimentada na memória como lembrança de conto de fada para aonde a gente pode fazer um bate-e-volta de vez em quando.
Sim, deixem que McGyver continue a reinar como semi-deus onipotente das fantasias juvenis.
Não, eu não quero que o tempo pare, muito menos que ele volte atrás.
Tudo que eu queria é que o despertador tocasse uma hora mais tarde amanhã.

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