quinta-feira, 19 de maio de 2011

Motivação, quem precisa de uma?

Quem já fez algum curso de cinema decerto foi apresentado ao conceito de estrutura narrativa clássica.
Aquela com três atos, que vem dos gregos, onde, em linhas gerais, um personagem é confrontado com uma situação nova em sua vida, cuja enfrentamento o transformará.
É o que chamam de jornada do herói, extraída da própria experiência mítica do ser humano.
Sabemos que os filmes - exceto, pretensamente, os documentários - são inverossímeis. Em muitos casos, relatam situações ficcionais extraordinárias que na maioria do casos não refletem a rotina de nós pobres mortais.
Ironicamente, apesar da maioria das nossas vidas não ser assim "nada de mais", acabam sendo mais complexas do que os filmes.
Porque filmes têm herói, motivação e resolução.
Já em nossas vidas, o herói não se manifesta, a motivação muda ou é perdida, e a resolução, bem, às vezes nem a morte encerra uma.
Será que é por isso que assistimos a um filme? Para encontrar motivação e resolução, ainda que projetada em um personagem?
Porque bem ou mal no final do filme o conflito humano é resolvido.
Mas e quanto a nós, que temos conviver com o conflito real?
Ou será esse conflito tão ficcional quanto nos filmes?
Já pensei muito a esse respeito.
A melhor conclusão a que cheguei é que o fato desse conflito não ter resolução como nos filmes, é na verdade a resoluçao do conflito.
Eu inventei isso?
Claro que não.
Estou falando de serenidade, do caminho do meio, da vara que enverga e não quebra, enfim, de qualquer analogia que se possa fazer a respeito.
Viver é preferir as perguntas do que as respostas.
Porque as respostas, do modo que aprendemos que sejam respostas, nós nunca as teremos.

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