sábado, 11 de julho de 2009
Relação de amor, sem ódio.
Outro dia estava trafegando de madrugada pela Av 23 de maio quase vazia e fiz um exercício de percepção.
Tentei ver São Paulo com os olhos de um turista recém-chegado de Guarulhos e pela primeira vez na cidade. Puxei pela memória minhas sensações de turista calouro em outras capitais e fiz um paralelo com aquele momento.
Não é que São Paulo me pareceu melhor que a encomenda de motoboy?
Ok, São Paulo, com sua urbanização caótica, praticamente sem horizontes, está longe de ser bonita - se bem que o centro, com sua eterna promessa de restauração e modernização, um dia irá vingar seus detratores.
Mas temos que analisar São Paulo pelo que ela é, uma cidade de vocação noturna.
E por esse ângulo a enxergo como uma Raimunda, feinha porém gostosona. E cujos enormes defeitos, sob a luz enganosa de postes de luz amarela, até perdôo.
De noite São Paulo revela qualidades que o insufilm não deixa a gente perceber de dia.
Lá pelas 10, o trânsito mais ameno começa a dar espaço para bares, restaurantes, baladas, cinemas, teatros, bancas e lanchonetes 24 horas. Cantinhos que se a gente não frequenta todo dia, pelo menos se acostumou a ter sempre disponíveis.
Isso de segunda a segunda, porque aqui tem público para tudo todos os dias.
O que ajuda cada um a encontrar seus iguais numa das maiores democracias de mesas de bar do planeta.
Mesmo quando fico em casa, raramente durmo cedo. Gosto de ler um livro ou ver um filme com os ruídos da cidade fazendo sonoplastia ao fundo.
Apesar de ter passado perrengues por aqui - assalto a mão armada e furto de carro,inclusive - não me sinto vítima de São Paulo. Pelo contrário, sou agradecido pelas adversidades e oportunidades que me foram oferecidas. Porque, como diriam os amigos, se a gente aprende a se virar em São Paulo,com exceção talvez de Cabul e da Faixa de Gaza, fica descolado em qualquer lugar do mundo.
Então, se essa cidade-raimunda continua piscando para mim todas as noites, não tenho como recusar. Nem reclamar.
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