Disciplina, Plina para os íntimos, era como o próprio nome define, uma garota certinha.
Em casa se educara sob a mais rígida cartilha, com regras, comportamentos e valores duros e inflexíveis, como um código penal verbal passado de pais para filha.
Por conta disso, Plina não se encaixava com as outras crianças, sejam os parentes, os vizinhos ou os colegas de escola. Sempre que alguém saía do combinado, Plina abandonava a brincadeira ou o passeio ou o trabalho em grupo em que estava metida.
Com essa postura ela ganhava pontos com seus pais, que se enchiam de orgulho mas não premiavam a garota, temendo que ela, a Disciplina, perdesse a si mesma.
E assim Disciplina foi crescendo e cada vez mais se isolando, tornando-se a princípio triste e depois amargurada.Seus pais ignoravam seu sofrimento, culpando o mundo e o jeitinho brasileiro por não se encaixarem ao seu ponto de vista.
Mas quando Disciplina chegou a adolescência, a amargura inevitavelmente tornou-se revolta. As regras sucumbiram a ebulição dos hormônios, e Plina se viu obcecada em quebrar seu código de rigidez, flertando com o perigo.
Passou a faltar ao colégio, comprar gabaritos de provas, se arriscar em rachas e aventuras perigosas com os colegas que antes eram sua antítese.
Teve seguidos casos amorosos com os tipos mais excêntricos e acabou ficando justo com o traficante da escola. Claro, experimentou todo tipo de droga.
Em casa os pais se sentiam fracassados, pois toda a vigilância acabou sendo insuficiente para afastar Disciplina do seu desvario. Disciplina mal voltava para casa, fazendo seu pai sair a esmo para procurá-la já tarde da noite, quase sempre sem sucesso.
Até o dia em que Disciplina, ao cair da garupa da moto de seu amado, foi abandonada por este, temendo ser pego pela polícia.
Já com os sentidos recobrados no hospital, um filme passou pela cabeça de Plina, com todo o flash-back dos últimos meses vividos. A corda havia esticado ao máximo, mas felizmente não se arrebentara.
Depois de um curto período se recuperação em casa, a garota voltou a sorrir, fazendo seus pais pensarem que tinham Disciplina de volta.
Mas ao se levantar da cama, Plina já tinha uma decisão tomada. Sacou sua poupança, vendeu os brincos que ganhara nos seus 15 anos, pegou algumas roupas e colocou tudo numa mochila. O único peso que ela aceitaria carregar de agora em diante.
domingo, 12 de julho de 2009
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Fiquei com peninha dos pais...
ResponderExcluirMas pelo menos o fim não foi trágico kkkk
Pior que quanto mais os pais se preocupam, mais revoltados os filhos são (hoje em dia né).
Bjss