sexta-feira, 24 de julho de 2009
Profissão assaltante
Assim como a engenharia, a medicina e a advocacia, o assalto já foi uma área profissional mais promissora do que é hoje.
Dizer "mãos ao alto" no ramo do assalto um dia foi tão glamouroso quanto "sua hora acabou" em psicanálise - se bem que pelo preço da consulta, psicanálise também poderia se encaixar em assalto.
Mas dentro da extensa área da criminalidade, assaltante é uma profissão cada vez menos procurada.
Poucos ainda sobrevivem daquela modalidade de assalto com arma de fogo ou branca em punho,apontada para a vítima. Outros tipos de assalto menos perigosos foram criados e tiveram boa aceitação.
Por exemplo, o valet-assalto. O assaltante espera pela vítima em frente a um bar ou balada, e sem usar armas, consegue levar seu carro e no mínimo 15 reais.
Tem o câmbio-assalto, onde o assaltante ou cambista rouba da vítima uma valor até dez vezes maior do que ela diz que tem.
E ainda o táxi-assalto, onde o assaltante te sequestra, fica dando voltas e só deixa você sair do carro depois de esvaziar seus bolsos.
Mas todos esses assaltos ainda são menos rentáveis do que outras ocupações dentro da área do crime, como a corrupção, o hackeamento, a lavagem de dinheiro e o estelionato, que inclusive já estão saturadas tamanha a procura pelos jovens.
A incidência de assaltos caiu a níveis preocupantes para autoridades e sindicatos. Afinal, sem os assaltos, o que será do mercado de armas, de seguros, de alarmes, de blindagem, de estacionamentos, de travas multi-lock, de condomínios-fortaleza?
E o que dizer dos professores do crime, que de uma hora para outra se veriam desempregados sem alunos para ensinar?
Sem falar na indústria de bolsas e carteiras, que perderiam o volume de reposição dos acessórios roubados.
A conclusão é que a profissão de assaltante precisa ser atualizada conforme as demandas do mundo moderno.
Caso contrário os assaltantes brasileiros perderão a reputação construída com tanto sacrifício, que um dia colocou o Brasil no topo do ranking mundial.
Corremos o risco de um dia sermos visto como um país que só forma profissionais de péssima qualificação e que não metem medo em ninguém, os chamados assaltantes de geladeira.
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