Carne nova é como se designou chamar a pessoa que acabou de entrar para um grupo já formado, seja de trabalho, um clube, uma vizinhança, qualquer microcosmo equivalente.
A carne nova vem temperada com um encantamento que disfarçam seus possíveis defeitos e ressaltam suas qualidades, despertando a cobiça de seus caçadores e a inveja de outras caças de quem eles já enjoaram.
Basicamente são servidos três tipos de carne nova.
A carne nova sem nenhum sal.
A carne nova de primeira, saborosa no último, que de cara já faz salivar os carnívoros de platão.
E a carne nova de segunda, que precisa esperar o consumidor se fartar da de primeira qualidade, para então passar a ser apreciada.
Falemos dos dois últimos tipos.
A carne nova de primeira dispensa apresentações. Seria o equivalente a uma picanha, um filé mignon, um bife de ancho do melhor corte e preparado por um algum churrasqueiro phd lá de cima. É aquele espécime de gostosura unânime, que por sua raridade será disputada a tapas por seus potenciais consumidores. Mas como todo prato de matéria-prima nobre, será consumido por poucos escolhidos, em geral aqueles que já estão habituados a se fartar com iguarias equivalentes naquele ou em outros grupos.
Já a carne nova de segunda em geral é recebida com menos entusiasmo. Equivale a carnes menos nobres mas igualmente apreciadas, com mais adeptos devido a sua maior acessibilidade, como a alcatra, o colchão duro, o contra-filé.
O interessante a observar na relação entre carne nova de primeira e de segunda, é que a primeira, se não for logo consumida, tende a esfriar e perder sua atratividade.
Exatamente o contrário do que acontece com a carne nova de segunda.
Porque ao não despertar a cobiça inicial como faz a carne de primeira, a carne de segunda espera pacientemente sua vez de ser consumida, pois sabe que por melhor que seja o caviar, uma hora ele enjoa.
Então, como num golpe de mestre, a carne de segunda acaba sobrepujando a de primeira em preferência, principalmente a dos mais chegados a um bom contra-filé com fritas.
Porque mais vale uma carne de segunda servida abundantemente do que lascas de filé mignon de nouvelle cuisine, que não chegam a preencher o buraco do seu dente.
Resumindo, há procura para todo tipo de carne, mas no dia-a-dia o que faz mais sucesso mesmo ainda é quem prepara um ótimo arroz com feijão.
sábado, 18 de julho de 2009
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kkkkkk
ResponderExcluirMuito bom o texto!!!!!
Até me deu fome...
Bjss