domingo, 23 de agosto de 2009

A mão na massa


Sou contra a pirataria e qualquer apropriação de direitos autorais, capital intelectual e congêneres.
Mas o download de música e filmes na internet é um fato consumado.
A queda vertiginosa da vendagem de cds e dvds é lamentável, embora tenham produzido um efeito benéfico para os fãs de música ao vivo.
Já há alguns anos que artistas e bandas outrora restritos aos circuitos das grandes metrópoles do mundo, arregaçam as mangas, pegam seus aviões e vão buscar os dólares por todos os cantos do planeta que sua música consegue alcançar.
Lembro do tempo em que as grandes bandas dificilmente aportavam por aqui antes da curva descendente de suas carreiras. Exceção feita as bandas estrangeiras que só faziam algum sucesso por aqui e que por isso mesmo um tanto obscuras, como foi o caso do Faith no More e A-ha.
Mas passando dia desses pela porta do Via Funchal, casa de espetáculos paulistana, pude notar a farta oferta de shows para todos os gostos e bolsos.
Tinha desde banda de axé e cantora alternativa americana, até boy band.
Nunca o mercado de show ao vivo esteve tão aquecido como nos últimos tempos.
Faz nos esquecer dos tempos em que a vinda de um grande artista ao Brasil era uma notícia bombástica, um hiato na concorrida agenda da celebridade para agradar fãs de um país exótico e distante.
Agora não, com o fluxo intermitente de artistas ali na esquina, um lugarzinho na frente do palco do seu ídolo está a apenas um clique de distância - excessão feita a mega-artistas como U2 e Madonna,cujos ingressos se esgotam antes mesmo do anúncio de sua venda.
Isso me lembra a estratégia de lançamento do último álbum do Oasis, cujas músicas foram divulgadas em primeira mão por músicos amadores que as tocavam nas ruas.
Parecia até uma volta as origens dos irmãos Gallagher, como de qualquer outra banda ou artista, saídos das apresentações em ruas, praças públicas, estações de metrô, bares, etc.
Não é impossível que um dia o próprio Oasis se disponha a lançar assim, de surpresa, em qualquer cantinho público, o seu novo álbum.
Claro que a pirataria, embora tenha facilitado o acesso as obras dos artistas e contribuído para o aumento de sua popularidade, é, antes de mais nada, perversa para a proteção da propriedade intelectual.
Mas foi ao menos a causadora dessa benesse de obrigar o artista a colocar a mão na massa, ou melhor, a mão no passaporte e na guitarra, e vir para cá dar o ar de sua graça.

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