sábado, 26 de fevereiro de 2011
Espelho meu
Conheço algumas pessoas que possuem uma qualidade rara que aos olhos do mundo chega a soar farsante: a capacidade de dificilmente falar mal ou reclamar de alguém.
Reclamar se tornou um hábito tão comum e aceitável - e porque não dizer, até socializante - que até duvidamos de quem não é praticante desse esporte de escritório e mesas de botequim.
O que na verdade pode ser uma tremenda injustiça com quem está "de bem com a vida". Mais do que isso, com quem aprendeu a aceitar suas próprias limitações.
Outro erro que se comete é às vezes atribuir ao reclamão uma personalidade forte e ao indivíduo tranquilo uma aceitação passiva das coisas.
Ledo engano.Quase sempre o reclamão contumaz esconde uma grande dificuldade de encarar seus próprios erros e limitações. Em vez de procurar entender as razões de sua insatisfação e reconhecer em si o responsável por ela, prefere atribuir ao outro "a culpa" de seu insucesso.
Encarar o espelho de fato não é fácil. Gostaríamos de ser lindos, inteligentes, espelhar a imagem do sucesso midiático como garantia de não sofrimento. Mas até ao mais bem sucedido figurão de Hollywood é impossível corresponder ao mito que ele próprio fabrica nas revistas de fofoca.
Outra coisa que não nos ajuda em nada é a cultura imediatista e preguiçosa, que propaga que sucesso mesmo é se dar bem rápido e sem esforço.
Sem contar que mudar, investir num novo projeto sem garantias de retorno, pode ser tão trabalhoso quanto desanimador.
Com tanta coisa jogando contra o nosso sucesso, não é de se estranhar que preferimos mesmo é meter o pau nos nossos pais, chefes e pares que não nos reconhecem e nos impedem de atingir o olimpo.
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