sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Profissão de fé

Por conta de um curso de roteiro cinematográfico mergulhei na leitura de vários livros sobre o assunto.
Um deles foi o "Conversas com Almodóvar".
Até esse momento não terminei o livro, mas uma coisa que eu supunha, se confirmou pelos relatos do craque espanhol da película: ser diretor de cinema é uma profissão de muita fé.
Porque ser diretor de cinema, que tanto na Espanha como por aqui nem profissão é considerado, é muito fácil.
Tudo começa com uma idéia.
Daí você mesmo ou um roteirista conhecido seu tem que colocar a idéia em forma de roteiro.
Então você entra num edital do governo ou bate de porta em porta até levantar um, dois milhões de reais de algum empresário amante do cinema ou das isenções fiscais.
Feito isso, você convoca uma equipe técnica completa e um elenco dispostos a trabalhar por amor à arte.
Escolhe as locações, monta o cronograma e se responsabiliza por todos os detalhes das diárias de filmagem, que vão do mal humor do protagonista ao buffet que serve as refeições no set.
Terminada a filmagem, passa à montagem, edição, mixagem, etc.
Enquanto isso, um produtor vai negociando alguma exibição da sua cria, seja no cinema, tv, internet ou ao menos algum festival de cinema independente lá dos cafundó.
Então, se tiver sorte, você e sua família não serão os únicos a testemunhar sua genialidade na sétima arte, catapultando-o do anonimato para as páginas de revistas especializadas e de repente, uma entrevista no Jô na madrugada de sexta para sábado.
Convenhamos, não é das tarefas mais fáceis conceber um filme.
Se você que tem pretensões nessa praia conseguir materializar ao menos um curta, sinta-se realizado.
O Almodóvar fez bem mais do que isso, mas ele é hour concours.
Não porque seja gênio, visionário, predestinado.
Ele é tudo isso e ainda um apaixonado, obcecado por cinema.



Almodóvar: fala pouco e faz muito

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