Outro dia mesmo eu estava numa dessas palestras sobre mercado de consumo onde o tema era a geração de 30 anos, que os mercadólogos chamam de novos 20.
Eis que no meio do assunto a palestrante fala sobre uma era "antes do surgimento da adolescência".
E aí, eu me dei conta: é verdade, a adolescência é uma fase inventada.
Pois houve um tempo, onde a expectativa de vida era de uns 25, 30 anos, onde não havia fase de transição.
Passava-se da infância a fase adulta sem adolescência, como quem pára de brincar de casinha direto para brincar de dona de casa.
E se isso de fato acontecia, tese que um antropólogo pode confirmar ou desmentir, pode-se imaginar a pressa com que se vivia nesse tempo.
Talvez mais do que nos dias de hoje, vivia-se para um agora, um pra já, um futuro imediato ininterrupto, como se não houvesse amanhã. O que até havia, mas não muitos.
Mas será que as pessoas viviam numa pressa ainda maior que a de hoje?
Pois hoje, em função do trabalho massacrante e de problemas que consomem nosso tempo como burocracia e o trânsito das grandes cidades, parece que o tempo escorre cada vez mais fluido por entre os dedos.
Não sei não, mas tenho a desconfiança que mesmo com a expectativa de vida baixa daquele tempo, gozava-se muito mais o tempo físico do que agora.
Ou nos desenhos rupestres de cavernas há registro de estresse, trânsito ou jornadas de trabalho de 14, 15 horas diárias?
Acho que não, né?
Tudo isso que é causa ou consequência da falta de tempo, foi a gente quem inventou.
O que na verdade é um grande paradoxo da modernidade: aumenta-se a expectativa de vida para ter cada vez menos tempo.
Antigamente casava-se mais cedo em função da pequena expectativa de vida.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sato!!!Obrigada pela visita no blog mal desenhado..
ResponderExcluirOlha, pq você escondeu esses textos tanto tempo? Sério, não consegui parar de ler. Não sabia do seu blog.
Virei fã.
Beijos com saudades!