sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
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Na adolescência, meus pais me criticavam quando me viam introspectivo na companhia de um livro.
Eles nunca foram leitores, portanto achava natural que preferissem me ver fazendo qualquer outra coisa.
Eu nem era um leitor do tipo devorador, tampouco seletivo, lia best-sellers em doses homeopáticas e olhe lá.
No entanto, o gosto pela leitura acabou definindo muito do que sou.
Pra começar, abandonei uma faculdade de computação por uma de comunicação, me tornando um redator publicitário.
Uma profissão que, embora mine as horas livres de quem a exerce, se alimenta de referências, em especial livros.
Mas não quero me ater ao aspecto utilitário da leitura.
A leitura, embora promova o refinamento da expressão falada e escrita, é mais do que uma ferramenta para atingir o sucesso profissional.
As melhores obras literárias na verdade ajudam você a viver.
Não digo que o livro substitua a prática, o "se jogar no mundo".
Na prática, a leitura não passa de teoria.
Mas muitas vezes, uma teoria formulada por quem viveu ou imaginou a vida no seu aspecto mitológico, na versão mais "cutucando a ferida" da história humana.
Já se falou que "está tudo nos clássicos".
E embora eu não seja a melhor pessoa para comprovar isso- li poucos -, sei que clássicos são assim chamados por trazer verdades fundamentais e atemporais.
Não quer dizer que qualquer um que leia, por exemplo, "Romeu e Julieta", experimente uma epifania durante a leitura.
Mas para cada um deve existir pelo menos um grande livro que seja transformador.
O problema é que hoje não só falta tempo como também espaço para esse tipo de leitura, que requer instrospecção e reflexão, aflorar.
Está difícil conciliar pocket-books com uma agenda cheia de atividades fast-food.
Mas o perigo de viver a 20 twittadas por minuto é não perceber que podemos estar vivendo errado.
Talvez uma vida que não escolhemos, voltada para o externo, o superficial.
É aí que a leitura pode ajudar.
Ela estimula um saudável debate interior entre você e seus conflitos.
É paradoxal, mas um livro de ficção pode justamente nos tirar de nossas fantasias paralisantes.
Pode prover o insight que falta para nos acordar.
Experimente, ou experimente mais.
Livro é uma solidão que vale a pena.
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