Eu já devo ter escrito sobre como o mundo ficou mais chato globalizado, mas enfim, é um tema recorrente pelas evidências cada vez mais frequentes.
Outro dia fui à Casa da Rússia, uma lojinha na Vila Madalena que vende lembrancinhas daquele país - especialmente aquelas bonequinhas que saem uma de dentro da outra, as matrioshka - e constatei que, caso eu viaje para lá, não há mais porque encher as malas de souvernirs na volta, estão todos ali.
Lembrei também de uma loja de Paris, a Pylones, que vende zilhões de presentinhos para turistas, e que há pouco tempo era atração de amigos que voltavam encantados de Paris. Pois bem, com todo esse sucesso não demorou para abrirem um quiosque da Pylones ali mesmo no Shopping Iguatemi.
Invertendo a rota, se você for para países que há algum tempo eram culturas fechadas, como a China, vai constatar a invasão da cultura ocidental em lojas do McDonald´s, da Zara e outros ícones capitalistas.
Pode ser saudosismo de alguém que está ficando velho, mas, mesmo não sendo consumista, lembro com saudades de uma viagem que fiz com minha mãe para o Paraguai, nos meus 11, 12 anos de idade.
As condições da epopéia eram péssimas: viagem de ônibus, saindo na sexta e voltando no domingo, 12 horas para ir e igual sofrimento para voltar.
Mal o ônibus chegava em Puerto Strossner - era o nome da cidade na época - você largava as malas vazias no hotel e já se punha na rua para uma maratona ininterrupta de compras até o sol se pôr.
Começando pelos relógios Casio, tênis chinês de sola verde e game boy (da época, sem cartucho) do Paraguai e terminando carregado de torrones, calças Fiorucci, alfajores e cashmere da Argentina - para quem não se lembra, ali fica a divisa dos três países, Brasil, Paraguai e Argentina.
Hoje eu não toparia passar por todo esse sofrimento para voltar carregado de quinquilharias eletrônicas de que não preciso.
E mesmo que precisasse, tudo agora está a alguns quilômetros, nos shoppings de coreanos e chineses da Paulista, cujos estandes lembram muito Puerto Stroesner. Só que sem a exclusividade, o charme, e o friozinho na barriga de passar pela alfândega na volta, carregando aquele walkman escondido entra a cueca e a calça, rezando para chegar são e salvo com meus troféuzinhos que pouca gente tinha, na bagagem.
sábado, 1 de maio de 2010
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