terça-feira, 22 de setembro de 2009

Desacelera, Ayrton.

Acabo de passar pelo pronto-socorro.
Nada de grave, apenas uma cansaço profundo que quis disgnosticar com mais precisão.
Fiz um eletrocardiograma e a doutora me encaminhou para um tratamento para vítimas do cansaço, uma espécie de grupo voluntário de cobaias para um estudo do cansaço que não é decorrência de diabetes, disfunção da tireóide, ansiedade crônica, etc.
Ou seja, fui classificado como um cansado sem causa.
Sem causa, vírgula, pois o estudo tenta detectar quais as causas "mudernas" do cansaço. E eles têm tanto interesse nisso que, pasmem, até pagam 10 reais por voluntário.
Bom, preferia até que meu cansaço tivesse uma causa específica- não grave, claro - mas presumo que é stress, trânsito, chateação, má alimentação, tudo somado.
Óbvio que é o corpo pedindo trégua.
Eu, que acabei de ler a revista Trip do mês, que coincidentemente fala sobre a necessidade de desacelerar o ritmo, agora me dou conta de que preciso rever meus conceitos sobre qualidade de vida, de sono, de alimentação.
A gente se pega correndo atrás do próprio rabo, se cobrando trabalhar mais e melhor, ser valente perante as exigências de um dia cada vez mais curto, até o computador de bordo interno detectar uma pane.
Engraçado isso de se cobrar.
Me fez lembrar de novo daquele pescador em Canoa Quebrada que pegou um baita peixe e, satisfeito e orgulhoso, disse que aquela santa prenda dos mares iria lhe proporcionar folga pelo resto da semana.
A verdade é que a gente nem percebe que está se exigindo demais.
A ficha caiu quando soube que minha irmã resolveu tirar meu sobrinho da escola até o fim de ano por conta da ameaça da gripe suína.
Pensei: ele vai ficar atrasado em relação aos coleguinhas.
Mas em seguida lembrei que ele só tem 3 anos e a vida toda pela frente para aprender.
E o João Pedro parece até que sabe disso, pois quando perguntei se ele iria pra escola, ele respondeu sabiamente em pleno final de setembro: "não, tô de férias".

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Alguns profissionais são de Marte, outros de Vênus

Trabalho em publicidade, na área de criação, onde se convencionou atuar em dupla, um diretor de arte, responsável pelos layouts, e um redator, o vulgo ordenador de letrinhas.
Bom, fato é que devido a uma carga horária pra lá de pesada, trabalhar em dupla de criação torna-se um verdadeiro casamento, ou seja, para a relação dar certo é preciso conjungar personalidades, objetivos em comum, etc.
Como em todo grupo de candidatos a achar sua cara metade, os criativos, embora representem uma tribo, também se diferenciam entre si por algumas peculiaridades.
Eu acho que os criativos de propaganda podem ser classificados segundo critérios de mais e menos.
Tem os mais e menos talentosos, mais e menos bem informados, mais e menos descolados, mais e menos premiados, mais e menos desencanados, mais e menos carreiristas, mais e menos apaixonados pela profissão, mais e menos etc.
Uma combinação dessas caraterísticas acaba definindo quem tem mais chance de dar certo com você.
Fiz dupla com diretores de arte com temperamentos, habilidades e objetivos dos mais diferentes.
E de acordo com as circunstâncias, pude aproveitar o que a convivência com cada um deles tinha de melhor.
Antes que algum desses ex-parceiros tire conclusões precipitadas, digo que apreciei trabalhar com todos eles.
Mas vou confessar uma coisa.
Quando a dupla coloca a busca por um trabalho de qualidade acima de tudo - de carreira, dinheiro ou politicagem - é quase inevitável que daí saia coisa boa.
Por isso, se eu pudesse dar um conselho para um profissional de qualquer área, eu diria para procurar e encontrar seus melhores pares profissionais.
Isso na escolha de parceiros, chefes, fornecedores, subordinados.
Porque de fato alguns profissionais são de Marte e outros, de Vênus.
E se vão conviver 8, 10, 12 horas por dia, pelo sucesso da convivência e das carreiras, melhor que as parcerias se formem por habitantes de um mesmo planeta.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Me deixa brincar, porra!


"O psicanalista inglês Donald Winnicott define uma pessoa pelo que ela sente, aprende e, principalmente, pelas brincadeiras da infância."
Através da Lucia, fiquei fã do Winnicott.
Acho que ele tem toda razão, eu sou o que sou pelos brinquedos com os quais escolhi me divertir.
Até hoje é assim.
Tem gente que acredita que ter postura adulta é levar tudo a sério.
Eu acho que o adulto saudável leva tudo na brincadeira.
Porque não tem coisa mais séria e necessária na vida do que brincar.
E agora me dá licença, que tem um brinquedo novo me esperando logo ali.

domingo, 13 de setembro de 2009

A não crítica


Tem vezes que a gente assiste a um filme e se emociona, e fica pensando se caiu em armadilha sentimentalista de diretor.
Eu sou assim, meio crítico com quem tenta dar uma rasteira emocional em detrimento de uma história bem construída.
Mas sei lá, pode ser exagero meu querer acusar diretor que usa o apelo emotivo, como se despertar lágrimas fosse defeito de enredo e não qualidade.
Quando vi o filme turco “Do outro lado“, de Fatih Akin, eu fiquei nessa dúvida, porque a história, embora engrandecedora, me parecia inverossímil.
Não achei razoável pessoas ficarem atravessando fronteiras para brigar por causas de amante de pai, de amante de filha, etc.
Esse envolvimento entre pessoas estranhas, em dias em que solidariedade anda meio em falta no mercado, pareceu exagerado, idealizado.
Mas enfim, tenho que lembrar que há gente lutando por objetivos que não são a compra do próximo sapato.
Portanto, desta vez me rendo e fico só com a qualidade da boa história contada pelo Fatih Akin.
Confesso que gostei.