sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O coração


O maior conselheiro que tenho na vida não diz palavras sábias, só um "tum-tum" ininterrupto.
É ouvindo esse "tum-tum", que quando acelera para um "tum-tum-tum-tum" geralmente quer dizer sim, que procuro tomar as decisões mais importantes.
Não é aconselhável ouvi-lo para fazer opções, por exemplo, financeiras. Mas mesmo nessa praia que não domino, o coração também tem lá suas razões, que a própria razão desconhece, para aprovar ou não uma atitude.
Costumamos atribuir à intuição as boas escolhas que fazemos, acreditando que esta reside em algum canto obscuro, inexplorado do cérebro. Mas por que não se considera que esse mocó pode estar dentro do coração?
Pois se considerássemos que o coração tem sim uma inteligência, a ele não caberia apenas as escolhas do amor, que quando tidas como equivocadas, relegam ao órgão o papel de ludibriado da história.
O coração é músculo involuntário, mas as escolhas feitas por sua indicação não tem nada de involuntárias.
Pelo contrário, costumam ser as mais acertadas.
Portanto, evitar entupir seus vasos não representa apenas precauções médicas, mas também não se fechar aos seus conselhos.
A meu ver, existem duas maneiras de se morrer do coração.
Uma é a morte fatídica a que estão mais sujeitos os cardíacos.
A outra, é a morte em vida daqueles que não mais o escutam.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nosso 11 de setembro


Minha irmã está vindo com a família para São Paulo e perguntou se eu estaria em casa no dia.
No caso, 11 de setembro.
Lembrando disso, agora me dou conta que já faz 10 anos do evento fatídico.
E que também já faz quase 11 anos da virada do ano 2000, que se não foi a virada real do milênio, o foi emblematicamente.
Para minha mãe, os reveillons são sempre complicados, desde que minha avó se foi exatamente num 31 de dezembro.
Enfim, para todo mundo devem existir várias datas fatídicas marcantes, seja por morte de parentes e amigos queridos, por fim de relacionamentos, por esquecimento de aniversários, por tragédias mundiais.
Para mim, o esquecimento do 11 de setembro vindouro me fez pensar que, se a data está longe de ser desprezível no calendário, ela o é pela distância dos nossos próprios problemas cotidianos.
Por aqui as maiores ameaças à nossa integridade física continuam sendo assaltantes, motoristas bêbados, doenças respiratórias pela má qualidade do ar, stress urbano, tributação abusiva.
Problemas de terceiro mundo ao qual o Brasil ainda pertence, embora a direita econômica festiva insista em apregoar o contrário.
Resumindo, o desafio continua sendo sobreviver a cada dia com a maior dignidade possível, driblando os motoqueiros desavisados e desfrutando nossas poucas horas livres diárias da maneira mais criativa e libertária.
Tragédia de tupiniquim é não conseguir fechar a conta no fim do mês.