domingo, 23 de agosto de 2009

A mão na massa


Sou contra a pirataria e qualquer apropriação de direitos autorais, capital intelectual e congêneres.
Mas o download de música e filmes na internet é um fato consumado.
A queda vertiginosa da vendagem de cds e dvds é lamentável, embora tenham produzido um efeito benéfico para os fãs de música ao vivo.
Já há alguns anos que artistas e bandas outrora restritos aos circuitos das grandes metrópoles do mundo, arregaçam as mangas, pegam seus aviões e vão buscar os dólares por todos os cantos do planeta que sua música consegue alcançar.
Lembro do tempo em que as grandes bandas dificilmente aportavam por aqui antes da curva descendente de suas carreiras. Exceção feita as bandas estrangeiras que só faziam algum sucesso por aqui e que por isso mesmo um tanto obscuras, como foi o caso do Faith no More e A-ha.
Mas passando dia desses pela porta do Via Funchal, casa de espetáculos paulistana, pude notar a farta oferta de shows para todos os gostos e bolsos.
Tinha desde banda de axé e cantora alternativa americana, até boy band.
Nunca o mercado de show ao vivo esteve tão aquecido como nos últimos tempos.
Faz nos esquecer dos tempos em que a vinda de um grande artista ao Brasil era uma notícia bombástica, um hiato na concorrida agenda da celebridade para agradar fãs de um país exótico e distante.
Agora não, com o fluxo intermitente de artistas ali na esquina, um lugarzinho na frente do palco do seu ídolo está a apenas um clique de distância - excessão feita a mega-artistas como U2 e Madonna,cujos ingressos se esgotam antes mesmo do anúncio de sua venda.
Isso me lembra a estratégia de lançamento do último álbum do Oasis, cujas músicas foram divulgadas em primeira mão por músicos amadores que as tocavam nas ruas.
Parecia até uma volta as origens dos irmãos Gallagher, como de qualquer outra banda ou artista, saídos das apresentações em ruas, praças públicas, estações de metrô, bares, etc.
Não é impossível que um dia o próprio Oasis se disponha a lançar assim, de surpresa, em qualquer cantinho público, o seu novo álbum.
Claro que a pirataria, embora tenha facilitado o acesso as obras dos artistas e contribuído para o aumento de sua popularidade, é, antes de mais nada, perversa para a proteção da propriedade intelectual.
Mas foi ao menos a causadora dessa benesse de obrigar o artista a colocar a mão na massa, ou melhor, a mão no passaporte e na guitarra, e vir para cá dar o ar de sua graça.

Português para estrangeiros

Já ouvi de alguns gringos que a nossa língua soa como o francês.
E também que é de difícil compreensão e aprendizado.
Deve ser mesmo, porque o que tem de brasileiro pouco familiarizado com “A última flor do Lácio“ não está escrito.
É só ver pela internet os absurdos escritos por vestibulandos em provas de redação.
Mas voltando aos estrangeiros, imagino o quanto soa estranho algumas palavras em português, e o quanto são complicadas se comparadas, por exemplo, ao inglês.
“Machucado“ sugere algo mais grave do que “hurt“.
“Berinjela" soa legal, mas nada como a simplificação de “eggplant“.
“Penduricalho“ já parece rococó no nome.
“Serpentina“ é tão longa quanto o próprio rolinho de papel.
“Rocambole“ é palavra que se enrola toda.
“Pseudônimo“, não dava para arrumar outro nome para isso?
E os exemplos não acabam.
Isso sem a gente contar os nomes que vem do tupi-guarani, tão complicados quanto sonoros.
Não deve ser tarefa fácil sermos entendidos na língua pátria.
Deve ser por isso que o brasileiro desenvolveu tão bem o sorriso fácil, o batuque, a receptividade e a caipirinha, que tanto agradam os estrangeiros.
Foi a maneira de se comunicar numa linguagem universal que dispensa qualquer regra de gramática.
Aí os gringos vêm, gostam, ficam, e aprendem o português tão rápido que eu fico até com vergonha de ainda falar um inglês tão capenga.

Vira-latinhas de caviar


Acabo de ver uma entrevista com o Joel Santana, o técnico brasileiro que vai comandar a seleção sul-africana, anfitriã da próxima copa.
O Joel, que esteve recentemente em evidência na mídia não por ser um brasileiro bem-sucedido lá fora, mas pelo inglês precário que desinibinadamente vomitou em entrevistas e que por isso foi motivo de deboche em programas de tv e videos de sites.
Era justamente disso que o folclórico treinador reclamava, de prestarem mais atenção aos seus modos trapalhões do que as suas conquistas profissionais.
Tem razão o Joel, mas ele não é a única vítima dessa mania que brasileiro tem de achincalhar quem se sobressai, mesmo aqueles que atingem status de sumidade internacional.
Vide por exemplo, Rubinho Barrichello, que teve o azar de herdar a sombra de Ayrton e, parte por causa disso, nunca foi respeitado.
Lembro que o Guga, apesar de ter sido o número um, era sempre muito criticado quando perdia em primeiras rodadas, assim como pelos maus resultados do crepúsculo da carreira.
Paulo Coelho, apesar do enorme sucesso em tantos países, por aqui é visto como um canastrão sortudo.
Rodrigo Santoro foi ridicularizado ao dar a cara para bater em pequenos papéis de filmes americanos, em vez de ser valorizado por ser nosso representante em hollywood.
E por aí vai, a lista de exemplo é extensa e só torna evidente que ainda não conseguimos superar o complexo de vira-lata, que Nelson Rodrigues tão bem diagnosticou como traço da psiquê brasileira.
O fato que provocou o insight no jornalista, nossa derrota desastrosa em casa para o Uruguai em 50, foi só a gota d'água de tantas manifestações que levaram Nelson a concluir que somos vítimas de um derrotismo arraigado.
Mas, deixando de lado a investigação de suas causas, eu me pergunto o que fará um dia o brasileiro tirar o rabo entre as pernas e, da mesma maneira que nossos hermanos argentinos, aprender a valorizar suas próprias qualidades e virtudes.
Porque me parece que quando destruímos nossos heróis, quando não aceitamos seus lapsos de desempenho, estamos na verdade só confirmando nossas suspeitas de ser um povo inapto, vagabundo.
Uma vez já disseram "Infeliz do país que precisa de heróis".
E o Brasil se encaixa como uma luva nessa categoria de país.
Como se em cada cidadão não pudesse brotar a centelha do herói que toma a iniciativa de fazer acontecer a própria vida, minimizando a carência pelo sucesso projetado nos feitos dos outros.
Chega de ser república das bananas, país do futebol, ponto de turismo sexual.
Chega, principalmente, de ser um grande país em potencial.
Viva Joel Santana e Felipão.
Paga pau de gringo, o caralho.

sábado, 22 de agosto de 2009

Manifesto da mediocridade

Nem excelente nem péssimo.
Este texto é dedicado ao mediano, médio, mais ou menos, meia-boca, medíocre.
Viva a mediocridade.
Viva a nota 5, que nos faz passar na matéria raspando, quase sempre colando.
Viva a classe média, aquela que sustenta o país, gerando e torrando a riqueza.
Viva o gosto médio, pois sem ele não se sobressairia o refinado.
Viva o carro de potência média, que nem morre na ladeira, nem mata o motorista.
Viva a(o) garota(o) mediana(o), que não deixa você ficar no zero a zero.
Viva o preço médio, parâmetro para você negociar.
Viva o hotel 3 estrelas, o de melhor custo-benefício.
Viva a medalha de bronze, limite entre fracasso e sucesso.
Viva o emprego médio, que nos motiva a evoluir.
Viva a estatura média, que evita o complexo.
Viva o meio-campo, cérebro do time.
Viva a inteligência média, que não escraviza o dono.
Viva o dia mediano, intervalo entre os altos e baixos.
Viva o meio-termo, que faz os acordos.
Viva a temperatura mediana, que dispensa o ambiente climatizado.
Viva a média, pingado e pão com manteiga.
Viva o médio, que no fundo é o máximo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Cálculo de risco

Logo que se recuperou do acidente que queimou seu rosto, a preocupação do piloto Niki Lauda era voltar o mais rápido possível ao cockpit do seu carro. Ele sabia que o que talvez o impedisse de correr de novo não seriam as queimaduras e sim as sequelas emocionais. Lauda acelerou fundo novamente, superou o trauma e tornou-se campeão.
O mesmo deve acontecer com o piloto Felipe Massa assim que este se recuperar do acidente recente com a mola que se soltou do carro do Barrichello. Sua mulher chegou a declarar que gostaria que Felipe abandonasse a fórmula 1. Já o corredor considerou o acidente normal, apesar de ter colocado sua vida em risco.
O que me faz pensar que viver perigosamente é uma questão de ponto de vista.
Os pára-quedistas consideram seu esporte muito seguro, por exemplo.
Mas há passageiros que precisam tomar calmantes para enfrentar um vôo de avião.
O limite entre o seguro e o perigoso está dentro de nós.
Quando o friozinho na barriga deixa de ser um prazer para se tornar sacrifício, cabe a cada um decidir o que fazer com seu próprio nariz.
Confesso que não pratico uma margem de risco tão larga quanto gostaria.
Mas estou sempre tentando esticá-la, empurrar o limite pra frente.
Porque acho mesmo, repito, que risco é uma questão de ponto de vista.
Já ouvi falar de gente que morreu escorregando e caindo no chão do banheiro.
Então, se é para morrer, é preferível que seja escorregando num skate.
O Lauda e o Massa com certeza iam preferir o skate.

A arte que nasceu produto


Eu não entendo quase nada de arte, digo, artes plásticas.
Li algumas biografias de pintores e se muito, dei uma passada por alguns museus.
Tenho a impressão de que arte, assim como o jazz, a música clássica e o cinema alternativo, exigem algum tempo para que o apreciador seja fisgado.
Essas manifestações não foram concebidas para gerar mercado de massa, e portanto, não atendem a regrinhas de marketing.
Mas existem artistas que mesmo que a gente não entenda de arte, é bater o olho no trabalho para se encantar. Como se entender de arte, assim como uma estratégia para atrair "consumidores" fossem dispensáveis.
É o caso do Gustav Klimt.
A obra de Gustav Klimt cai tão bem na parede de um respeitado museu como na estampa de uma camiseta. E para quem vê pela primeira vez, não dá para saber para que fim foi concebida, arte mesmo ou arte aplicada.
Há alguns anos eu viajava pela Europa quando sem querer acabei fazendo uma conexão em Viena.
Naquele tempinho que fiquei esperando o vôo, baixou uma vontade grande de dar uma escapada do aeroporto para conhecer a dita "Paris do Leste".
E isso foi motivado não só pelo gene inquieto de andarilho que carrego no sangue, mas principalmente pelas bugigangas à venda no aeroporto que traziam a marca de Klimt.
Camisetas, caixas de chocolate, latinhas de chá, tudo era estampado com aquelas pinturas de inspiração oriental que o mestre se esmerou em reproduzir.
Conhecer a terra natal de um artista diz muito sobre sua obra.
Essa eu fiquei devendo a Klimt.
Mas um dia eu volto.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Em tempos política e ecologicamente corretos...

Os três porquinhos seriam condenados por matar um animal em extinção.
Da mesma maneira que Chapéuzinho, a vovó e o caçador.
"Branca de neve e os sete anões" seria rebatizada para "Branca de neve e os sete verticalmente comprometidos".
"Atirei o pau no gato" seria banido do repertório dos maternais - o que de fato aconteceu.
A gata borralheira exigiria de sua patroa o pagamento de insalubridade.
Neguinho da Beija-Flor mudaria seu nome para Afro-brasileirinho da Beija-Flor.
O saci teria que dar uma saidinha lá fora para fumar seu cachimbo.
O patinho feio processaria a mãe e os irmãos por ofensa.
Resumindo, só não existiria o politicamente correto para substituir "senado brasileiro".

Questão de tempo

O tempo não passa de uma sensação.
Uma convenção que inventamos para ninguém perder o prazo de entrega de um projeto, nem a noiva chegar atrasada no altar.
Tempo, como diria Einstein, é relativo.
Uma das maiores fantasias humanas é viajar através do tempo, o que hipoteticamente é possível desde que atinjamos a velocidade da luz, como foi demonstrado em "O planeta dos macacos".
A passagem do tempo fica mais clara no envelhecimento. Não do nosso próprio rosto, mas daquelas pessoas que a gente não vê desde o colégio.
Eis que de repente aparece na sua frente aquela ex-menina lindinha da sua sala, que se tornou uma senhora mãe lindona de 3 filhos, agora de olhos bem cansados.
Você entra no elevador e dá de cara com aquele sujeito que você nem lembrava que continua sendo seu vizinho, e aí se pergunta se você deve parecer para ele tão mais velho quanto ele parece a você.
Aquelas noites mal dormidas por causa de demissões, fins de relacionamento, obras que não acabavam, de repente são apenas vagas lembranças de sofrimentos sepultados.
O tempo cura quase todos os males.
Uma das exceções é o próprio mal que o tempo causa ao passar tão rápido.
Ansiedade, pressa, angústia de não conseguir aquele tempinho livre básico só para a gente.
Hoje em dia o tempo é tão raro que deviam leiloar.
Ou virar escambo, com hippies desocupados fazendo uma fortuna ao vender seu tempo livre a workaholics esbaforidos.
O preço do tempo acabaria inflacionado, a medida que chegasse o final das férias, do ano, da vida.
Apesar de escasso, a gente sempre acaba desperdiçando mais tempo do que poderia.
Na verdade, nem sempre o desperdiçamos.
As vezes o famoso "dar um tempinho" é o prazo que o próprio tempo pede para encontrar as soluções que não vem de bate-pronto.
O intervalo para atar as pontas soltas da linha do tempo.
Porque o tempo sempre dá um jeitinho de esclarecer as coisas, dizem que é o senhor da razão.
Mas deveria mesmo é ser conhecido como o senhor da emoção.
Ué, não é a emoção e só ela, que nos faz lembrar que de fato algum tempo remoto existiu?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Escolha profissional no século XXI

Em algum lar brasileiro do ano 2078, um rapaz aborda seus pais durante o jantar:
- Pai?
- Que foi?
- Lembra de que eu fiquei de pensar nas minhas opções profissionais para o vestibular?
- Sim, claro, já se decidiu?
- Então, era sobre isso que eu...
- Ih, não vem com aquela conversa mole de novo.
- Mas pai, é uma questão de vocação.
- Vocação? De novo com esse papo! Eu...
- Psiu, vamos respeitar a hora do jantar? Depois vocês conversam...
- É você quem estraga a cabeça desse menino. Falei pra não dar liberdade demais, que isso enche a cabeça da molecada...
- Mas você deixou a Luiza seguir o caminho dela.
- Sua irmã é caso diferente, ela casou bem, com um marido que põe a comida na mesa, paga as contas...
- Mas, pai, quem disse que eu não posso me sustentar sozinho?
- Ok, me diz tuas opções que eu te dou minha opinião. Vai, pela ordem.
- Primeiro, medicina. Depois, direito. E por último, computação.
- Tsc, tsc, tsc. Criamos um idealista, Marta.
- Benhê, confia no Juninho. Tenho certeza que vai dar um ótimo cirurgião, né, amor?
- Pai, confia em mim, eu vou ralar.
- Mas filho, quantas vezes preciso te falar? Que essas profissões já não dão nada faz tempo. Veja o caso do Rodriguinho. Que baita ator é o seu primo.
- E a Miriam? Nossa, artista plástica fenomenal.
- O Guto, cineasta. O filho do Armando tá fazendo fortuna, Juninho.
- Eu sei, pai, mas tenho que seguir meu coração.
- Coração não enche barriga, Junior. Mas ok, você me venceu pelo cansaço. Faça o que quiser da sua vida que eu vou te apoiar.
- Jura?
- Fazer o quê. Pelo menos o curso de medicina sai mais em conta. Ninguém quer se formar nessa porcaria de carreira, mesmo.
- Obrigado, pai. Pode deixar que eu não vou decepcionar.

Jr sai da mesa do jantar. Os pais conversam sobre o garoto:
- Ué, pai durão, até estranhei você ter dado o braço a torcer assim.
- Bom, pensei, podia ser pior.
- Pior como?
- Ele podia ser caretão.
- Nossa, Deus me livre...
- Já pensou, nosso filho, não consumindo nenhum tipo de droga?
- Vira essa boca pra lá...

domingo, 16 de agosto de 2009

Sucesso é coisa de nerd?

Numa passagem de um livro que estou lendo, há um relato de que os diretores Martin Scorcese, George Lucas, Steven Spielberg e Brian De Palma, que estes preferiam se reunir em mesas de bar para discutir cinema do que se divertir com drogas e garotas.
Só pode ter sido o comentário maldoso de alguma garota rejeitada.
Mas independente desse rótulo pejorativo, o de ser nerd, fato é que não se chega muito longe em qualquer área sem um certo período de intensa dedicação.
Até bater seu recorde de Grand Slams, a vida de Roger Federer, de segunda a segunda, se resumia a aeroporto, hotel, preparação física e jogos. Agora que ultrapassou todas as marcas e nasceram suas filhas gêmeas, não sabemos quais serão suas prioridades.
O playboy Alexandre Accioly, até entrar no jet set dos novos ricos badalados e namorador de globais, declarou que trabalhara por 25 anos quase sem final de semana.
Diz-se que gênios como Michelangelo acordavam de madrugada para esculpir.
Stanley Kubrick atormentava o astro Tom Cruise de madrugada, enviando fax para este com sugestões quando ambos preparavam "De olhos bem fechados".
Antonio Ermírio levou uma vida monástica no comando do Grupo Votorantim, chegando de Caravan velha para bater cartão todos os dias na sua empresa - ele, que não andava com seguranças, chegou a ser perseguido por sequestradores e escapou por pouco.
A atriz Giovanna Antonelli, quando gravava seu primeiro grande sucesso, a novela "O clone", declarou que dormia nos estúdios do Projac para dedicar mais tempo as leituras de roteiro.
Claro que existe um certo mito do cara que veio do nada e a custa de muito trabalho se transformou num ícone de sucesso em sua área. Como se isso não dependesse de sorte, oportunidade, talento e o famoso estar na hora certa no lugar certo.
Mas ainda há de nascer o grande talento que também não precisou suar bastante, seja por gosto ou por necessidade, para atingir o sucesso pleno.
Por isso, se você não tem talento para ser nerd na sua área, relaxe.
Talvez você tenha menos momentos de palco, de manchetes, de holofotes apontados para você.
Em compensação vai ter mais tempo para as garotas (ou garotos), amigos, filhos, hobbies, paz e tudo o que nem o dinheiro nem o sucesso conseguem comprar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O clube do Groucho Marx

Claro que quando Groucho Marx declarou "Eu não frequento clubes que me aceitem como sócio", ele estava apenas proferindo mais uma de suas inteligentes tiradas.
Se a frase denota uma postura blasé ou não, é difícil dizer. Acho que não, mas precisaria ler alguma biografia fidedigna para conhecer a personalidade do comediante.
Mas enfim, não é uma frase que deve ser seguida como conselho de vida.
Já pensou, passar a vida implorando para entrar em lugares onde você não é aceito?
Que preguiça...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Reles mortal

Na versão original do filme "A morte pede carona", o mocinho, o ator C. Thomas Howell, de tanto ser perseguido pelo caronista assassino, acaba tendo alucinações.
Começa a enxergar seu algoz, que não passa de um assassino, como um ser sobrenatural, porque este o assombra o tempo todo e em todos os lugares.
Até que o mocinho desiste de fugir de sua "assombração" e passa a ver seu perseguidor como de fato é, um reles ser humano. Assustador, mas um ser humano.
A partir daí a história dá uma guinada e vou parar por aqui senão conto o filme inteiro.
Toda essa exposição foi só para ilustrar minha tentativa de, nesse momento, acordar das minhas alucinações e encarar meus medos como fez o mocinho do filme.
Parar de fugir e passar a caçar ferozmente esses medos de carne e osso.
Até morder, abater e enterrar.
Sem dó.

Meus dois pais

Domingo passado foi dia dos pais.
Acordei sábado, pensando em desistir de ir a cidade do meu velho. Mas não consegui.
Pensei "ainda tenho pai, preciso ir dar um abraço no meu". E fui.
E como o coração tem sempre razão, não me arrependi.
Hoje meu pai não é mais aquela fortaleza de antes, o cara forte que esbanjava saúde toda quarta-feira, jogando pelada com os amigos.
Está velhinho, 70 anos nas costas e um príncípio de catarata nos olhos.
Ele que teve uma boa condição financeira quando na ativa, hoje está vivendo de aposentadoria oficial. Merreca.
É duro ver seu pai envelhecer.
Porque você não espera que isso vá acontecer um dia.
Não era o combinado.
Inverter os papéis? Como assim?
Mas é assim mesmo.
E tem dias, confesso, que queria me esconder debaixo das asas dele, receber um cafuné reconfortante e ouvir através daquela voz forte e grave os conselhos sábios de pai para filho que tanto me consolavam.
Mas sei que não dá mais.
Porque esse pai a que me refiro já não existe.
É o pai que dormiu noites e noites em hotéizinhos de terceira e até dentro do carro, na beira de estrada, quando viajava para prospectar clientes que o recebiam com a porta na cara.
O pai que mesmo endividado comprou as bicicletas prometidas aos seus quatro filhos no natal.
O pai que quebrou sua pequena empresa, mas conseguiu dar a volta por cima e se levantar, como empregado de outra.
E que, começando a vida como operário, dormindo em chão de fábrica, conseguiu fazer muita coisa pela família e por ele mesmo.
Então, nos dias em que estou fragilizado, eu me aconselho com ele.
Eu peço a Deus para ser tão corajoso e determinado quanto ele.
Como aquele pai forte, o de antes.
Ao meu pai de hoje, eu não peço nada.
Só reservo todo meu carinho e compreensão.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sem um pé nas costas


Lars Grael, ao lado de Ronald Seifert, acaba de conquistar a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Star.
E daí?
Daí que o barco da dupla Robert Scheidt e Bruno Prado ficou em 11º lugar.
E daí?
Daí que o Lars ganhou o bronze com um pé nas costas.
E daí?
Daí que esse pé nas costas na verdade é a falta de uma perna mesmo, pois o Lars é deficente físico.

A segundinha


Assim como o segundo em qualquer coisa, a segunda-feira também nasceu para ser secundária, um dia, por assim dizer, barrichelesco.
Isso poderia ter sido evitado, se o homem lá de cima abrisse mão de tentar lembrar as pessoas de que a segunda-feira é de fato o segundo dia da semana, que oficialmente começa no festejado e folgado domingão.
Mas por que não chamá-lo de primeira-feira?
Ou, numa licença poética, de dia abre-alas?
Não adiantou, porque as pessoas sempre vão associar a segunda-feira ao primeiríssimo dia da semana. Afinal, o domingo pertence ao final de semana, certo?
Nesse contexto, a segunda-feira seria uma espécie de ovelha negra da família semanal.
Um dia fadado a ser odiado pela maioria da humanidade.
Porque é na segunda que as dietas começam.
É na segunda que está marcada a reunião do projeto que fez você perder o fim de semana no escritório.
É na segunda que você lembra das contas a pagar.
É na segunda que as aulas recomeçam - mesmo que você não seja mais aluno, fica o trauma.
É na segunda que você acorda com sono, porque bagunçou seu relógio biológico na noitada do sabadão.
É na segunda que você passa o dia quebrado, porque no fim de semana esqueceu seu sedentarimo e deu uma de herói na pelada entre amigos.
É na segunda que você se lembra de que precisa dar o primeiro passo dos projetos pessoais engavetados.
É na segunda que você tem que ouvir aquele colega contar que teve um fim de semana fenomenal (exagero, claro), enquanto você ficou em casa vendo DVD - por opção, mas ficou.
Por outro lado, a segunda também tem o mérito de ser o dia do recomeço, da reação, do início da volta por cima.
Mas não adianta, pegaram mesmo a segunda-feira de Cristo do calendário.
A segunda-feira só é bacana quando cai num feriado.
Quer dizer, médio.
Porque sempre haverá os que dirão "por que não caiu na terça pra gente emendar?".
Segunda-feira não tem conserto nem quando nasce um dia bonito.
Principalmente se no fim de semana fez tempo ruim, aí com certeza irão reclamar "merda de segunda-feira ensolarada..."
Deviam fazer logo um favor à segunda-feira e à toda humanidade, começando a semana na terça.

O divisor

Aquela noite não tinha nada de especial, só uma saída com as amigas para uma festa do tipo "não sei quem conhece o dono da casa".
Por isso a menina nem ia se demorar muito na frente do espelho, só ajeitar o cabelo que já estava sedoso e perfumado.
Mas joga pra lá, joga pra cá, ela reparte as mechas e avista o intruso. Um único fio de cabelo branco, que, meio retorcido, constrastava com o restante da cabeleireira de comercial de shampoo.
Num primeiro momento o fio branco solitário até sumiu, forçando a menina a apertar os olhos para encontrar de novo o danado.
Mas fio branco, principalmente o primeiro, é vaidoso, egocêntrico, teima em aparecer. Não foi difícil pinçá-lo entre os "saudáveis".
Logo o fio era uma presa fácil entre os dedos da menina e, se tivesse um rosto, a gente veria aqueles olhos de súplica do cabelo pedindo por sua vida, ou melhor, restinho de vida.
Só que a menina hesitou.
Um devaneio inesperado fez com que ela freasse seu ímpeto assassino e poupasse a vida do fio.
Afinal, aquele não era um fio qualquer.
Deus sabe quantos viriam na sequencia - tomara que poucos - mas aquele era o fio da virada. Da passagem. Da mudança. Da transformação.
Ou sei lá como deveria chamar o processo.
Poderia ser até a síntese do sofrimento acumulado nos seus poucos anos de vida. Da boneca que sumira. Das brigas familiares. Da primeira desilusão amorosa.
Ela só sabia que por ora deveria preservá-lo.
Depois até podia arrancá-lo, para guardar numa caixinha de veludo.
Mas naquela noite ela só o escondeu lá no meio dos outros.
E pra que ninguém visse, amarrou um lenço na cabeça.
Era um segredo que queria guardar por enquanto, até das amigas mais íntimas.
Que a essa altura não paravam de bater na porta do banheiro, impacientes.
Mas que tivessem paciência, ora essa.
Não é toda hora que a gente acha o primeiro fio de cabelo branco da nossa vida.
E melhor do que isso, não é toda hora que a gente percebe supresa que ele nem pesa tanto assim.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Energia

Desde que aprendi noções básicas sobre física quântica, meu interesse pelo assunto energia cresceu.
Saber que a matéria não existe e que tudo que vemos e tocamos não passa de energia com informação, me deixou mais atento aos cuidados que devo ter com meu corpo e estado de espírito.
Louco isso, de saber que seu pensamento altera o seu corpo, mexe com a sua saúde.
Lembro sobre algo que a Lucia falou, sobre evitar sair de casa à noite naqueles dias em que nada deu certo, dias zicados mesmo.
Faz sentido, menos por superstição e mais porque com energia, a falta ou o excesso dela, não se deve brincar.
Isso me faz lembrar que outro dia, quando perguntado se acreditava em Deus, se tinha religião, se rezava, fiquei reticente, pensando que não me encaixava exatamente no perfil de um religioso.
De fato, se hoje tenho uma fé, ela se baseia em energia positiva, em evitar uma montanha russa energética desnecessária.
Nada precisa ser tão trágico - a não ser as tragédias - nem tão fantástico que faça a sua energia ficar oscilando até desarranjar seu organismo.
Daí que evitar que meu emocional vire um ralo de energia tem sido o meu esforço e porque não dizer, a única religião que eu pratico.
Nisso tem sido fundamental não tomar atitudes precipitadas, conseguir segurar aquela onda que torna probleminhas verdadeiras sinucas de bico.
Por isso, só peço uma coisa ao meu destino, a Deus, a quem quer que seja.
Que daqui para frente eu consiga usar minha energia a meu favor.
E se para isso eu precisar ajoelhar e rezar, então que seja essa a minha religião.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Liberdade é uma calça


Às 17h30 as duas mulheres já estavam prontas para colocar o plano em ação. Vestidas em suas fardas improvisadas que lhe caíram muito bem - modelo que elas copiaram de fotos de policiais em jornais - elas ensaiavam apreensivas os passos da fuga, como duas atrizes pouco antes da estréia da peça.
Com palavras de incentivo, as outras mulheres do cativeiro davam força, embora estivessem mais apavoradas do que as próprias protagonistas do motim.
Quando a chave girou no trinco, o coração veio à boca de todas, o que inundou a sala de costura com um silêncio funéreo.
Juanita e Mercedes pegaram seus revólveres de brinquedo e tomaram posição de defesa atrás das caixas de material de armarinho.
A porta se abriu e por ela entrou o filho do capataz com um embrulho na mão, um rapaz de seus 15 anos, com camisa de time de futebol e gorro enfiado na cabeça.
Juanita e Mercedes pularam ao mesmo tempo por detrás da caixa e gritaram juntas, as armas de brinquedo tremendo em suas mãos:
- Alto, polícia!
Tremendo foi o susto do garoto, que este nem reparou que faltavam quepes, cinturão e botas, e sobrava sotaque gringo àquelas policiais improvisadas. O rapaz só teve tempo de jogar o embrulho contra as mulheres e sair em disparada pela rua, sem olhar para trás.
Com passos medidos, as duas pseudo-policiais chegaram à porta e colocaram a cabeça para fora, olhando desconfiadas para os dois lados da rua.
A rua com largura de beco estava quase deserta, de maneira que Juanita e Mercedes fizeram sinais para as outras mulheres para saírem atrás delas.
De repente todas estavam inacreditavelmente livres - ainda sem direção a tomar, mas livres.
Com os prédios do Bom Retiro ainda lhe fazendo sombra, Juanita e Mercedes se livraram do disfarce quase perfeito, atirando as fardas dentro de uma caçamba estacionada na rua. Fardas que tinham sido as mais perfeitas peças de roupa costuradas por elas. Perfeição na arte da costura que as colocara em cativeiro e agora, por ironia, as libertava.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Teimosia


Ser teimoso é insistir numa idéia, opinião, decisão, reclamação, que vai contra a lógica, os prognósticos, a tendência, a ordem natural, seja o que for.
É bater o pé mesmo, de birra.
A teimosia nasce quando lá no fundo algo diz que não se deve ceder, que se deve insistir em nadar contra a maré, mesmo que talvez você não consiga passar a arrebentação e acabe extenuado na beira da praia.
Quando reconheço em mim a teimosia, fico com medo.
A teimosia é como uma armadura que envolve o seu ego e o protege de quem tenta dissuadí-lo.
É uma força que redobra o sua disposição em não arredar o pé e ao mesmo tempo uma fraqueza que pode levar você a bancarrota.
Então como reconhecer se estamos sendo apenas conscientemente persistentes ou cegamente teimosos?
Teimosia é um defeito ou uma qualidade?
Depende, você vai dizer.
Por teimosia, ora você consegue resultados com que já não contava, ora dá com os burros n´água depois de dispender muita energia.
Eu gostaria de receber um sinal para decidir quando vou insistir em ser teimoso ou simplesmente entregar os pontos.
Mas aí seria fácil, não seria mais teimosia.
Teimosia é um burro de carga empacado no meio da estrada.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Você, por acaso é a...

Voltando ao assunto cinema, especificamente idolatria, lembrei do dia em que o Roger soube que a atriz Emmanuelle Béart estava em São Paulo para a premiére de um filme.
Ao ler uma notinha tímida de jornal anunciando sua aparição, o Roger não teve dúvidas: tratou de largar mais cedo o serviço, pegou sua câmera em casa e partiu para o local marcado para tietar a atriz.
Ao aportar no Espaço Unibanco à hora marcada, chegou a pensar que errara a data ou o local, pois contrastando com a esperada muvuca de jornalistas e fãs ao longo de um tapete vermelho, encontrou tudo bem vazio, e no lugar de flashes espocando na penumbra, a luz chapada do espaço.
Logo perguntou pela atriz e obteve como resposta um dedo apontado para as mesas do café.
Passeou os olhos pelas mesas e teve que esfregá-los muito para enxergar numa discreta mulher entretida com seu cafézinho, a figura da beldade Emmanuelle.
Mal acreditou naquela simplicidade, na total falta de glamour que não parecia afetar a atriz, decerto acostumada ao reconhecimento parcimonioso do circuito alternativo.
Mas já que estava lá para isso, Roger tratou de abordá-la para algumas fotos, com o consentimento simpático da atriz. Que depois das fotos, voltou ao seu cafézinho à espera da premiére.
Deve ser coisa de francês.
Ou de uma escola de cinema que coloca a arte à frente do estrelato.
Só sei que em tempos de reality show, é legal ver quem ainda prefira o prestígio à fama.

Madrugada dos anjos



A balada já entrava em curva descendente quando Gustavinho, já trêbado, viajando no seu próprio cyberespaço, avistou uma loira linda que parecia ser a própria fonte de luz negra da pista de dança. Claro, abordou-a:

- E aí, meu anjo, você caiu do céu?
- Psiu...por favor, não espalha.
- Não espalha o quê, chuchu?
- Você é o único que me descobriu.
- Modéstia sua, chuchu, olha quanto tubarão em volta.
- Não, eu disse que você descobriu que eu caí do céu.
- Tá me zoando só porque tomei umas biritas? Tô calejado, mina.
- Olha aqui atrás, por baixo do casaco.
- Vixi...é forro de pena?
- Não, mané, são minhas asas. Eu sou uma anja.
- E tá fazendo o quê, aqui?
- Ponta em filme do Win Wenders é que não é. Eu dei é uma escapadinha de casa, escondido do meu Pai.
- Quem é o seu pai?
- O mesmo que o seu, Deus, o Senhor lá de cima.
- Que pai nada, vai ser meu sogrão.
- Anjos não podem casar. Não podem nem paquerar, eu é que saio pra dar uns beijos de vez em quando.
- Já que tocou no assunto...
- Ih, sai pra lá. Eu tô paquerando aquele cara ali.
- O Luis? Não, todos menos o Luis. É o maior mau caráter, fura-olho da porra.
- Mas é um gato, hein? Me dá licença que eu vou lá falar com ele. Tenho que estar em casa daqui a pouquinho.
- Mas, anja, cê nem vai deixar eu gastar meu repertório de cantadas temáticas?
- Hã?
- Por exemplo, "Sabia que eu arrasto uma asa por você?".
- Tsc, tsc, tsc...
A anja se afasta do rapaz e caminha em direção ao seu alvo. Sem perder tempo, como uma mulher emancipada, ela o aborda:
- Seu nome é Luis, né?
- É sim.
- Gostei de você, gato. Quer ficar comigo?
- Não vai dar, gatinha.
- Por que?
- Porque você é um anjo que caiu do céu.
- Ih, você também usa essa cantada fraca?
- Não, percebi que você é uma anja mesmo. E meu pai não quer que eu me relacione com gente da sua espécie.
- Nossa, como você é grosso. Eu é que não quero me relacionar com gente da sua espécie.
- Ainda bem, né, meu anjo? Passa a mão aqui na minha cabeça.
A anja passa a mão na cabeça do rapaz e sente duas saliências bem no cocoruto. Ela sente também um cheiro de enxofre vindo do rapaz e afasta rapidamente a mão como se fosse queimá-la. O rapaz estenda a mão e se apresenta:
- Prazer, meu nome é Luis. Luis Cifer.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Meus casos de amor com o cinema


Atire o primeiro saco de pipoca quem nunca foi conferir um filme ruim só por causa de uma estrela de cinema.
Pode ser episódio de adolescência do qual você não se orgulhe ou, como no meu caso, fascínio declarado. Mas imagino que quase todo mundo já foi ver um filme só por causa do ator ou da atriz para quem se paga um pau.
Eu confesso que minha galeria de “ídalas“ vive recheada de opções que se renovam periodicamente e onde mantenho minhas hour concours.
Na minha lista constam divas do passado como Sophia Loren, Rita Hayworth, Brigitte Bardot, Kim Novak, Claudia Cardinalle, Grace Kelly.
Algumas nem tão antigas como Jacqueline Bisset, Catherine Deneuve, Nastassia Kinski (esta última, que escolhi para ilustrar este post, talvez seja minha preferida).
Outras dos idos de 80 e 90, como Demi Moore, Kelly Le Brock, Valerie Kaprisky, Emmanuelle Beárt, Emmanuelle Seigner, Julia Ormond, Natasha Henstridge.
E atuais como Jennifer Connely, Monica Bellucci, Rachel Weisz, Scarlet Johanson, Charlize Theron, Jessica Biel, Audrey Tatou, Elisha Cuthbert.
Isso sem contar as musas brasileiras como Vera Fischer, Nicole Puzzi, Leila Diniz, Aldine Muller, Darlene Glória.
Dá para ver que fui bem generoso ao escalar as mulheres que para mim valeram o ingresso do cinema.
A lista só não é maior porque a essa hora da noite tanto minha memória quanto o google me negam apoio.
E que me desculpem as mais talentosas do que belas como Hilary Swank e Kate Winslet - as quais, diga-se de passagem, admiro bastante - , mas tem dias em que mulheres que despertem minhas fantasias é tudo que basta no escurinho do cinema.

domingo, 2 de agosto de 2009

Um pouco de paciência, por favor

Sou oriental, calmo, gosto do diálogo, tenho todas as prerrogativas genéticas e adquiridas para exercer a sábia paciência.
Mas ultimamente tenho sofrido por não apertar a tecla "pause" quando deveria.
Quando digo "tecla pause" me refiro aquele momento em que deveria respirar fundo e contar até dez antes de tomar uma atitude precipitada.
Sim, tenho me levado pelo impulso, influenciado pelo calor da raiva, pelo temor infundado, pela opinião dos outros, e depois me arrependido.
Não estou dando um tempo para deixar a poeira abaixar e clarear as idéias para encontrar as melhores respostas.
Porque me esqueço que quase toda divergência na vida não passa de problema de comunicação.
As pessoas são diferentes, pensam diferente, interpretam as mesmas palavras, idéias e omissões de maneiras diferentes. Daí o problema de não se dar tempo ao tempo para esclarecer o dito ou o não dito de maneira adequada.
Da próxima vez que enfrentar um imbróglio por problemas de comunicação, vou tentar colocar a discussão em banho maria para depois resolver com mais calma e conversa.
Porque como diria minha mãe, "a paciência é uma virtude", "quem tem pressa come cru", "a pressa é inimiga da perfeição", "nada como um dia após o outro".
Das vezes em que ignorei essa sabedoria popular cometi erros, deixei o caldo entornar, joguei oportunidades de ficar calado fora.
Por isso hoje eu peço a mim mesmo: paciência, paciência, paciência...

sábado, 1 de agosto de 2009

Oásis


A vida deveria ser uma prateleira de Blockbuster, recheada de aventuras, comédias, suspense, etc.
Infelizmente a rotina é bem menos fantástica do que isso - certamente a gente nem acharia graça em ver filmes que só relatassem nossa vidinha.
Mas pelo menos para o dia-a-dia não se tornar demasiado maçante, eu tento pôr em prática um truque que aprendi com a Lucia.
Sabe quando você sente que está vivendo no piloto automático, batendo cartão em afazeres diários repetidos a exaustão?
Dê uma quebrada no ritmo com alguma coisinha extra agenda.
Pode ser uma parada num café para tomar uma xícara do seu capuccino favorito.
Ou passar numa loja de discos raros e pinçar uma jóia pra sua coleção.
Ou ligar pra um amigo com quem há tempos você não troca nem um email.
É simples, é prosaico, mas faz uma grande diferença no cotidiano.
Tira você da pressão, daquele encadeamento de tarefas cronometradas que fazem você acreditar que está preso a uma sina.
É a necessidade que o corpo e a mente têm de ficar offline por um tempinho.
Então, como diria aquele slogan de chocolate, Have a break.
Pode ser um banho de ofurô, uma massagem express, um doce de padaria, um passeio descalço pelo gramado da pracinha.
Se a rotina está muito árida, dê um pulinho até o seu oásis para se recarregar e depois volte.
Ou não.